Texto e foto | Denise de Oliveira Milbradt
A divulgação de uma epidemia de Esporotricose pela Secretaria de Saúde do Rio de Janeiro, no mês de março, deixou em alerta quem possui gato como animal de estimação em todo o Brasil. A preocupação não é para menos, afinal, a doença tem como principal transmissor os felinos. Mas veterinários reconhecem que há exageros nos índices divulgados e que não há motivos para pânico. No RS há casos isolados, mas nenhuma confirmação oficial em Cachoeirinha e Gravataí.
A doença de nome complicado é um tipo grave de fungo que provoca lesões profundas na pele. O gato é o animal doméstico mais sensível à doença – e que a transmite aos humanos. Nos animais, porém a Esporotricose quase sempre é fatal, tendo em vista a fragilidade imunológica em que poderá se encontrar, dificultando o combate do fungo. O gato (e até mesmo o cachorro) pode transmitir a doença através de arranhões, mordidas e contato com a pele lesionada.
Conforme o veterinário Rogério Fernando Estaniecki, que possui clínica em Cachoeirinha, é preciso estar atento aos sintomas no animal, como ferimentos que não cicatrizam e se alastram para o resto do corpo. Perda de apetite, apatia, emagrecimento, espirros e secreção nasal também são alguns dos indícios. Mas ele explica que um gato saudável e com vacinas em dia dificilmente será contaminado pelo fungo, que sobrevive a ambientes insalubres e não higiênicos, como lixos orgânicos em decomposição.
Também existem muitas inverdades quanto à transmissão da doença ao homem. A contaminação, segundo o especialista é mais fácil de acontecer em pessoas imunodeprimidas por doenças sistêmicas ou submetidas a tratamentos para doenças crônicas. “Mas o fato de estar doente não significa que contrairá a doença com um simples arranhão”, frisa.
Todavia, estar atento aos sintomas é sempre importante. Estaniecki detalha que a pessoa começa a apresentar vermelhidão na pele, seguida por feridas com dificuldades de cicatrização, devendo procurar o mais rápido possível um dermatologista para o início do tratamento. Tanto ao gato, quanto ao homem serão recomendados pomadas e sprays tópico e sistêmico antifúngico.
Quanto aos dados alarmantes, que vieram à tona pela mídia, o veterinário confirma que estão concentradas em regiões com precárias condições de saneamento básico no Rio de Janeiro. No Estado são casos isolados, que acabam nem entrando em estatísticas. Na região, contudo, não atendeu nenhum animal com suspeita de Esporotricose. Ainda assim aconselha a procura de um veterinário a qualquer sintoma suspeito. “É indispensável estar com as vacinas do animal em dia e mantê-lo em ambiente limpo e saudável. Quando contaminado, não é raro a opção pelo sacrifício do gato pelo alto grau de dificuldade no combate ao fungo”, orienta o veterinário.