Texto | Davi Pacheco | Foto | Divulgação
Nascido numa família de classe média, Eduardo Marinho tinha uma vida de muitos privilégios. Angustiado pelas mazelas e desigualdades sociais, abandonou seu serviço público, o exército e a faculdade de Direito para buscar um sentido para sua vida. Chegou a morar na rua e encontrou a felicidade nas coisas mais simples.
Eduardo conta que não teve coragem para modificar tão drasticamente sua vida, teve medo. Medo de ter uma vida sem sentido. Hoje é artista gráfico, vive de sua arte e viaja o Brasil realizando palestras em que discute as mais diversas questões do nosso cotidiano e que influenciam em nossas vidas. Os vídeos sobre ele no Youtube somam mais de dois milhões de visualizações.
No último dia 13 de setembro esteve em Cachoeirinha, onde contou suas vivências, refletiu sobre a sociedade em si, além de abordar propósito e sentido da vida para um público de aproximadamente 500 pessoas no auditório do Cesuca. Conhecido em todo país como “filósofo das ruas”, ao longo de suas duas horas de fala, parte intercalada por perguntas da plateia, questionou a educação pública, trabalho, o sistema carcerário, o poder econômico e a democracia brasileira, mas sobretudo os valores e as atitudes de cada pessoa. Para ele o mundo é uma grande família que ainda não percebeu isso e a competitividade deve ser suprimida pela colaboração. “O objetivo da vida não é ganhar dinheiro, é viver e para viver tem que ter satisfação. Eu não quero vencer na vida, eu quero viver e quando decidi isso ganhei a paz. Eu não quero competir com ninguém”, disse Eduardo.
O evento foi gratuito e aberto ao público. Organizado pelo Coletivo Conexões em parceria com Jeferson Lazzarotto, presidente da OAB Subseção Cachoeirinha, teve o patrocínio de Paese, Ferreira e Advogados Associados, o apoio do Portal Sincronia, do Diretório Acadêmico de Comunicação da UFRGS e do Cesuca – Faculdade Inedi. Após a atividade, Eduardo Marinho, que veio ao Rio Grande do Sul com a sua parceira Clara, conversou com a Revista Mais Matéria sobre educação e democracia.
Educação Pública – “A escola pública é propositalmente sucateada, feita para formar a massa ignorante. Não há objetivos de se criar independência, autonomia e consciência na educação pública, a meta é formar mão-de-obra. A escola particular também não tem o objetivo de fomentar o pensamento crítico, sua função é formar os gerentes da massa ignorante.”
Democracia brasileira – “O Brasil é uma grande fazenda escravagista onde os donos das terras sequer vivem nelas, mas escolhem capatazes para gerenciar os negócios. São os presidentes do país. Na época do FHC havia uma efervescência dos movimentos sociais, para acalmar os ânimos foi viabilizada a eleição do Lula, um capataz mais “bonachão”, que distribuía migalhas ao povo. Sua sequência foi a Dilma. Mas essas migalhas foram suficientes para provocar muitas mudanças e então se fez necessário colocar um capataz da “chicota” (Michel Temer) e por isso se deu o impeachment da Dilma.”