Texto por Denise de Oliveira Milbradt | Foto Divulgação
A mulher cada vez mais é dona do seu próprio destino e, ao contrário das gerações anteriores, já não quer mais ter tantos filhos e investe pesado na profissão. Uma recente pesquisa encomendada pela Janssen Farmacêutica ao Ibope apontou que as transformações sociais e comportamentais das gerações X e Y (mulheres nascidas a partir da década de 70) antes de adotarem um método contraceptivo, levam em conta não apenas sua eficácia, mas também seus benefícios para a aparência do cabelo, da pele e da libido, bem como o controle do peso. As opções de apresentações (comprimidos, injeção, anel, adesivo, etc.) também são aspectos relevantes para as pesquisadas.
As discussões mais acaloradas ainda questionam a importância de menstruar ou não nos dias atuais. Segundo pesquisa feita com um grupo de médicos no Brasil, 93% dos ginecologistas disseram que já receberam pacientes no consultório interessadas em ingressar na contracepção contínua e que 94% dos especialistas já prescreveram a pílula anticoncepcional em regime contínuo, sendo 78% com o objetivo de melhorar a qualidade de vida da mulher. Além do bem-estar, o tratamento de algumas doenças ginecológicas, como a dismenorreia (menstruação dolorosa), a endometriose, Tensão Pré-Menstrual (TPM) são alguns dos principais motivos para que o médico indique à sua paciente o método contraceptivo de longo prazo.
A pílula de uso contínuo, por exemplo, não faz mal à saúde e pode ser utilizada por um longo período de tempo, sem interrupção e não há comprovação científica de que ela possa causar algum dano à saúde. Quando a mulher desejar engravidar basta deixar de tomá-la. Todavia, antes de iniciar o processo, recomenda-se uma visita ao ginecologista para que este avalie suas condições de saúde.
Tariq Sikandar, plantonista do Centro Obstétrico e cirurgião ginecológico do Hospital Padre Jeremias de Cachoeirinha defende que ‘a mulher não foi feita para menstruar todos os meses’ e que optar por um método ou outro depende da necessidade de cada paciente. Até porque, segundo ele, a menstruação já não ocorre mais para aquelas que fazem uso de algum método contraceptivo a base de hormônios. O fato é que no período de intervalo, o remédio simula um sangramento artificial, mas que nem de longe se assemelha ao processo natural. “O que muda é o conforto de não ter o sangramento habitual. Por outro lado, há as que prefiram o ‘sinal vermelho’ todo o mês como garantia de que não estejam grávidas”, argumenta o especialista.
O uso contínuo do contraceptivo, por outro lado, não impede sangramentos eventuais (escapes), considerado normal para Sikandar. Como se sabe, existem várias doses hormonais entre os contraceptivos, e isso pode interferir no padrão de sangramento existente quando se opta pelo uso contínuo. O que não impede, é claro, de a mulher realizar todos os anos exames ginecológicos para garantir que tudo esteja bem com sua saúde.
Essa estratégia, contudo, não é para todas, e as contraindicações são as mesmas do uso de métodos tradicionais. Somente um especialista saberá informar quando não é seguro para sua paciente, mas isso deve ser feito individualmente, pois existe grande número de situações em que as pílulas, por exemplo, devem ser evitadas, independentemente da sua forma de uso. Destacam-se, ente elas, a presença de hipertensão não controlada, diabetes com repercussão vascular, enxaqueca, fumantes após os 35 anos, pacientes com fatores de risco para doenças cardiovasculares, entre outras.
Prevenindo doenças
Prevenir a gravidez não desejada é apenas um dos benefícios do anticoncepcional de uso contínuo. Um estudo comprovou que este tipo de medicamento pode ser também eficaz na prevenção da endometriose.
A endometriose é uma doença que atinge uma em cada dez mulheres no mundo todo. Através da pílula de uso contínuo, é possível tratar as dores e prevenir a sua recorrência naquelas que possuem ou já tiverem o problema. Além disso, o medicamento de uso contínuo pode diminuir os riscos de outras doenças, como câncer de ovário e câncer de endométrio. A pílula também evita o aparecimento de miomas e cistos de ovário, já que estudos recentes apontaram que a ovulação pode favorecer o aparecimento destes tipos de tumores.
Qual método contínuo devo usar?
Os métodos anticoncepcionais de longa duração, como também são chamados, possuem como característica principal a possibilidade de supressão da menstruação. Esses métodos podem ser consumidos no formato de pílulas, implante de progesterona, pelo sistema intrauterino hormonal, pelo contraceptivo injetável trimestral ou ainda pelo uso de pílulas combinadas, sem o intervalo tradicional, o que se chama de uso estendido ou contínuo. Embora todos esses métodos visem à ausência da menstruação, o termo contracepção contínua é mais utilizado para o uso de anticoncepcionais combinados por mais de um ciclo sem intervalo de quatro ou sete dias.