Texto | Denise de Oliveira Milbradt | Fotos | Divulgação
Não é novidade para ninguém que o número de livros lidos cai todos os anos. Uma pesquisa divulgada pelo Instituto Pró-Livro identificou que o brasileiro lê em média dois livros por ano. Entre os estudantes, o nível é um pouco maior por conta da obrigatoriedade imposta pelas escolas, mas ainda assim insuficiente. Alguns dos motivos desta baixa procura literária deve-se ao uso da internet, que facilita as pesquisas sobre qualquer assunto. Todavia, desde maio deste ano um grupo de artistas, formado na sua maioria por escritores e ilustradores, vem fomentando a cultura na região. Conhecidos como ColetiveArts, eles promovem oficinas para instigar a curiosidade pelas letras, pelo belo e, mais do que isso, inspirar a reflexão sobre um mundo melhor e mais crítico.
O grupo surgiu a partir de uma conversa informal entre amigos que, inicialmente, buscavam formar uma espécie de plataforma de portfólios artísticos. No entanto, com o passar do tempo, outros profissionais passaram a acompanhar as postagens nas redes sociais e, também tiveram interesse em expor os seus trabalhos. Foi quando começaram a receber convites para ministrarem oficinas que priorizassem o desenho e a literatura como forma de incentivar o hábito da leitura. Neste momento, a parceria com a Secretaria Municipal da Cultura de Gravataí passou a fazer toda a diferença. Além do acréscimo da divulgação, também garantiu a participação na Feira do Livro da cidade, que acontece no início do mês de dezembro. “A secretaria ainda ofereceu o espaço da Biblioteca Pública Municipal para a realização das nossas reuniões e também para possíveis oficinas, ministradas para a comunidade, sem custos. Achamos uma iniciativa importante e topamos a parceria, que não comporta nenhum tipo de vínculo financeiro”, explica um dos fundadores do ColetivaArts, desenhista e ilustrador, acadêmico de Filosofia e Pedagogia, Jorge Luís Cardoso Pereira (Jorginho).
Ele explica que o primeiro trabalho realizado pelo grupo foi o ColetiveArts em Ação na Biblioteca, que ocorreu nas férias escolares de julho. Foi desenvolvida uma semana de programação, incluindo oficinas dos mais variados assuntos: escrita criativa, ilustração, introdução ao desenho, métodos criativos e fanzines. “A partir daí, mensalmente é oferecida uma oficina na Biblioteca Municipal, aberta ao público em geral”, detalha.
Outro trabalho importante que está ainda para acontecer é o Coletive Social, em que alguns dos participantes ministrarão oficinas gratuitas na instituição Pão dos Pobres. O Coletive também está preparando uma mobilização com participantes de grupos de cosplayers e k-pop, para uma festividade de final de ano com crianças em situação de abrigo em Gravataí. “Na Feira do Livro de Gravataí terão mesas redondas para abordarmos assuntos referentes a Literatura Fantástica, jogos de RPG, entre outros assuntos, aproximando a comunidade desse nicho de atividades”, confirma Jorge.
Patrícia Maciel, professora de teatro, psicopedagoga, acadêmica de Letras e escritora também faz parte do ColetivaArts e conta que procuram tratar os assuntos com os quais trabalham de uma forma mais lúdica e arejada. “A ideia é colocar as nossas percepções pessoais e ouvir muito as visões dos participantes. Nas oficinas, instigamos a produzirem o seu material e a compartilharem com o grupo as suas criações, para que essas trocas também alimentem outros olhares. Valorizar a criação individual fortalece a autoestima e incentiva o desenvolvimento artístico desses participantes”, lembra.
Ler é uma necessidade primária
Se a prática da leitura ainda não faz parte do seu cotidiano, a turma do ColetiveArts faz questão de lembrar que “saber ler é compreender e refletir sobre o mundo e a sociedade que nos rodeia”, confirma Israel Santiago, desenhista, educador social e acadêmico de Pedagogia e também integrante da equipe. “Olhamos com tristeza para uma leitura rasa e descartável, que não provoca o indivíduo a enxergar além da superfície, e, consequentemente, não se apodera da maior arma que pode existir, que é o conhecimento e o exercício ativo desse conhecimento, para o bem comum”, revela.
“Ler e refletir sobre o que se lê deve ser uma ação constante, ativa e necessária. É urgente que incentivemos de todas as formas que as nossas crianças e jovens leiam e usufruam de uma leitura profunda, não só a partir das letras, mas de imagens, gestos, que também nos dizem muitas coisas, de outra forma, e que passam algumas vezes imperceptíveis. Ativar esse olhar curioso e atento na atualidade é semear cidadãos mais conscientes no futuro”, argumenta outro integrante do ColetivaArts, Rafael Ilhescas, escritor, designer de joias e publicitário.
Equipe ColetiveArts
– Jorge Luís Cardoso Pereira (Jorginho) – desenhista e ilustrador, acadêmico de Filosofia e de Pedagogia;
– Patrícia Maciel – professora de teatro, psicopedagoga, acadêmica de Letras e escritora;
– Israel Santiago – desenhista, educador social e acadêmico de Pedagogia;
– Rafael Ilhescas – escritor, designer de jóias e publicitário;
– Fábio da Silva Barbosa – escritor, educador social e editor de fanzine;
– André Palma – cineasta e escritor;
– Vinícius Vasconcellos – desenhista;
– Nathália RL – desenhista;
– Gabriel Maciel – escritor, educador e acadêmico de Biologia;
– Ana Paula Otero – ilustradora parceira de Portugal;
– Alex Cuenca – analista de TI e mestre de RPG e card games.
Contatos
E-mail – coletivearts@gmail.com e Facebook: ColetiveArts
Sede – Biblioteca Pública Municipal de Gravataí Monteiro Lobato. Rua Cel Fonseca, 936 Centro Gravataí.