Por Ricardo Lodeiro – cirurgião plástico
Quando a redução de seios está indicada?
Existem indicações estéticas e não estéticas. As não estéticas correspondem aos casos em que as mamas provocam problemas no dia-a-dia das pacientes. Uma destas indicações é o caso de gigantomastia, onde o tamanho do seio se torna responsável por vários incômodos (além da estética), como por exemplo as infecções minorias (fungos) nos sulcos mamários, que causam odor desagradável e lesões na pele. A dor nas costas, muitas vezes associada a este quadro, na maioria das vezes está relacionada ao excesso de peso corporal que acompanha o quadro de quem tem seios grandes. A coluna carrega todo o peso do corpo e uma retirada de 1-2 kg de mama deixa a mulher quase sem seios. Uma pessoa com 15-20 kg de excesso de peso terá poucos benefícios com a redução de apenas 1-2 kg, no que diz respeito à dor. No entanto, existem casos como estes em que também há vantagens com a cirurgia. Apenas uma avaliação cuidadosa pode permitir separar os três grupos: quem não terá vantagem alguma, quem terá poucas vantagens e quem será muito beneficiada com o procedimento.
Existe um momento da vida ideal para a cirurgia?
Embora haja casos em que há indicação para realizá-la aos 15-16 anos de idade, o ideal será sempre esperar pelo fim do desenvolvimento mamário, evitando que isso interfira quase que imediatamente no resultado. Um profissional cauteloso colocará em jogo estas ponderações e permitirá uma escolha acertada.
Como é o pré e pós-operatório?
Cuidados com a movimentação dos braços, que transmitem seus movimentos aos seios, são óbvios. Dependendo da técnica a ser empregada, dos tipos de suturas, do volume retirado, do perfil da paciente e da qualidade da cicatrização, os movimentos são pouco a pouco liberados. Usualmente, a paciente pode dirigir em cerca de 4-5 semanas, pode fazer exercícios que não envolvam grande amplitude dos braços em 2-3 semanas, esteira ou caminhadas, idem. Cada situação traz sua peculiaridade e deve ser analisada pelo cirurgião, nunca obedecendo regras estanques. Normalmente é uma cirurgia que transcorre com pouca dor, algumas vezes surpreendendo a paciente.
A cirurgia deixa cicatrizes?
Sempre, e a qualidade delas depende principalmente das características individuais de cada um. Não é possível afirmar se alguém que possua uma cesariana invisível terá sempre esta mesma cicatrização. De local para local no corpo, de momento para momento na vida, as cicatrizes podem ter comportamentos diferentes. São raros os casos em que o cirurgião pode ser responsabilizado por uma cicatriz inadequada, embora existam. Hora certa de lembrar que a escolha do profissional deve sempre utilizar critérios rígidos.
Em quanto tempo pode-se visualizar o resultado definitivo?
A maturação das cicatrizes leva no mínimo 6-8 meses, embora possam ser vistas alterações muito significativas em um ano, um ano e meio após a cirurgia, em alguns casos. A análise antes de seis meses, salvo casos extremos, será precoce e pode levar a conclusões erradas sobre o sucesso ou não do procedimento.
Como fica a questão da gravidez e amamentação após a cirurgia de redução de seios?
Isto depende muito da técnica empregada, do volume retirado, entre outros fatores. Deve ser sempre discutido com o cirurgião plástico antes da cirurgia, pois em alguns casos pode haver interferência na amamentação. A gravidez em si não fica prejudicada.
A cirurgia de redução de seios é uma cirurgia de risco?
Conforme o tamanho e o volume a ser retirado, pode ser uma cirurgia de grande porte. Sempre há riscos, que devem ser apresentados e discutidos com o profissional antes, por motivos éticos, técnicos e humanos. Saber o que pode acontecer e que o cirurgião está ciente e preparado, normalmente traz segurança e resulta em um pós-operatório muito mais tranquilo. Mas, em ambiente adequado, com avaliação bem realizada, cirurgia corretamente indicada, pode-se dizer que é um procedimento bastante seguro.
Como fica a sensibilidade das mamas após a cirurgia de redução?
Pode existir perda, e isto envolve volume mobilizado, técnica usada e outros fatores. Há também muitos casos em que não muda nada. As variações são muitas. A recuperação de perdas temporárias pode ocorrer em dias, semanas ou até um ou dois anos. Depois desse tempo, raramente vemos alguma volta da sensibilidade.