Uma doença devastadora para a vida do bebê, ainda no útero da mãe. Assim a Sífilis avança em todo o Brasil e assusta autoridades médicas pelo aumento do número de infectados. De 2014 a 2015, a doença teve aumento de 20,9% nas gestantes e de 19% nos casos congênitos (bebês que já nascem infectados) no País. Mas em 2016 os números cresceram ainda mais.
De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde do Rio Grande do Sul a sífilis congênita vem apresentando números crescentes ano a ano. Os últimos dados oficiais são de 2014 e dão conta de 1.179 casos só neste ano, o que representa uma taxa de incidência de 8,25 por mil nascidos vivos. Mas o Ministério da Saúde admitiu – no início do mês de novembro – que o Brasil enfrenta uma epidemia de sífilis. Entre junho de 2010 e 2016 foram notificados quase 230 mil casos novos da doença, de acordo com os últimos boletins epidemiológicos do governo.
A sífilis é uma doença infecciosa sistêmica, crônica causada pela bactéria treponema pallidum. Ela se manifesta em diferentes estágios. Sem tratamento, apresenta evolução em fases: inicialmente com feridas na pele, pode evoluir para complicações que levam ao óbito, podendo afetar o sistema cárdio-vascular e neurológico. Os sintomas começam, em média, de 3 a 4 semanas após a pessoa ser infectada pela bactéria.
O diagnóstico da sífilis pode ser feito por meio de testes rápidos, disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS). O tratamento mais comum é feito com penicilina G, um antibiótico utilizado por via injetável. A prescrição pode ser de uma a três doses, dependendo da fase em que a doença se encontra. O problema é que, em função do aumento do número de novos casos e da maior necessidade do medicamento, o Brasil não consegue atender a demanda necessária. A gravidade é que o quadro de desabastecimento não parece representar um problema pontual ou temporário.
Sífilis congênita
A sífilis congênita, passada de mãe para filho, dependendo da intensidade da carga bacteriana, pode resultar em aborto, natimorto ou óbito neonatal. A doença também pode ficar disfarçada e causar o nascimento prematuro de bebês com baixo peso, com outros sintomas como coriza mista de sangue e ranho, sinais e sintomas ósseos, inchaço do fígado e do baço, pneumonia, edemas, fissuras nos orifícios, entre outros males, que podem resultar na morte da criança. Mas o tratamento, quando adequado e precoce, oferece uma excelente resposta.
Os casos de sífilis congênita representam um indicador perverso das lacunas ainda existentes no sistema de saúde vigente, incapaz de identificar mulheres mais vulneráveis e oferecer-lhes acesso e qualidade no cuidado pré-natal. Cancros são um dos sintomas da doença, mas seu desaparecimento não indica cura.
Como prevenir?
-Manter relações sexuais com preservativo;
-Mulheres que estão planejando engravidar devem fazer o exame para verificar se são portadoras da bactéria antes;
-Durante o primeiro trimestre da gravidez, o Ministério da Saúde recomenda que a mãe e o pai façam o teste. Alguns médicos, para ter uma certeza ainda maior, repetem o teste nos três trimestres da gestação.