A artrite reumatoide é uma doença inflamatória crônica e autoimune que, geralmente, afeta as pequenas articulações das mãos e dos pés. Causa um inchaço doloroso que pode até resultar em erosão óssea e deformidade articular. Afeta ainda outros órgãos do corpo – tais como pele, olhos, pulmões e vasos sanguíneos.
Pesquisas sugerem que agentes infecciosos, como vírus ou bactérias, podem provocar a doença em quem tem propensão genética para desenvolvê-la. Além da resposta do organismo a eventos estressantes, como trauma físico ou emocional, outra possibilidade são os hormônios femininos, uma vez que a incidência é maior nas mulheres.
Fumar também pode ser um causador, pois há um alto risco de pessoas com um gene específico desenvolverem artrite reumatoide. Além de ser um vício que pode aumentar a gravidade da doença, reduz a eficácia do tratamento.
No início, os sintomas podem ser comuns a outras enfermidades ou ocorrer simultaneamente. Os mais comuns são rigidez matinal que regride durante o dia, mal-estar, diminuição do apetite, perda de peso, cansaço, febre baixa, inchaço nas juntas das mãos, punhos, joelhos e pés. A doença ainda pode afetar outros órgãos do corpo – tais como pele, olhos, pulmões e vasos sanguíneos. A progressão do quadro está associada a deformidades e alterações das articulações, podendo comprometer os movimentos.
Sinais e sintomas de artrite reumatoide podem variar em termos de gravidade e podem ser intermitentes (aparecer e desaparecer). Períodos de maior atividade da doença, chamados crises, se alternam com períodos de remissão relativa – quando o inchaço e a dor desaparecem ou ficam menos frequentes.
Segundo o Ministério da Saúde, o diagnóstico depende da associação de uma série de sintomas e sinais característicos, além da realização de exames laboratoriais e por imagens que ajudam a confirmar a doença e fazer o monitoramento nos pacientes.
O tratamento da artrite reumatoide (AR) varia de acordo com características individuais dos pacientes e a resposta a eventuais tratamentos feitos anteriormente. Para que ele possa ser ajustado para cada caso e a sua eficácia seja avaliada, é necessário medir a atividade da doença levando em consideração vários fatores, que vão desde a avaliação dos sintomas e do estado funcional até estudos radiológicos.
Com isso, o médico reumatologista pode definir o plano de tratamento, que envolve tratamentos medicamentosos e não medicamentosos. Já o tratamento cirúrgico é indicado para alguns pacientes com anormalidades funcionais, como ruptura de tendão ou destruição óssea e articular.
Existem várias classes de medicamentos que podem ser indicados e combinados, desde analgésicos e anti-inflamatórios até drogas que modificam o curso da doença, ajudando a reduzir e prevenir o dano articular. Somente o especialista pode prescrevê-los, e os possíveis efeitos colaterais devem ser monitorados para que seja feito qualquer ajuste necessário. Em quadros muito dolorosos é indicado repouso por um curto espaço de tempo, pois atividade física e fisioterapia são importantes para controlar o comprometimento das articulações e a perda da mobilidade.
Todavia, se os medicamentos não conseguem prevenir ou retardar o dano articular, é possível considerar a possibilidade da realização de cirurgia para reparar articulações danificadas. Ela também poderá reduzir a dor e corrigir deformidades.
Manifestações extra-articulares
Olhos e boca – As pessoas com artrite reumatoide devem fazer exames oculares pelo menos uma vez por ano, pois elas podem desenvolver a esclerite, que causa dor, vermelhidão, visão embaçada e sensibilidade à luz. Uma complicação rara dessa enfermidade é a escleromalácia perfurante, que pode danificar permanentemente o olho por inflamação severa.
A doença também pode causar uveíte, uma inflamação da área entre a retina e o branco do olho, a qual, se não for tratada, pode levar à cegueira. Além disso, pessoas com AR são mais propensas a desenvolver a síndrome de Sjögren, uma doença em que o sistema imunológico ataca as glândulas produtoras de lágrima e saliva, portanto, boa higiene bucal e acompanhamento regular com odontologista são fundamentais.
Pulmões – Cerca de um terço das pessoas com artrite reumatoide tende a desenvolver complicações no quadro pulmonar, por exemplo, a pleurisia, uma inflamação no revestimento do pulmão que pode tornar o ato de respirar bastante doloroso. Além de o risco de contrair tuberculose ser mais elevado, algumas desenvolvem uma inflamação no tecido do pulmão, o que pode levar à fibrose pulmonar e, consequentemente, falta de ar progressiva.
Coração – A partir do resultado de várias pesquisas, descobriu-se que pessoas com artrite reumatoide são cerca de 2,5% mais propensas a desenvolver doenças cardiovasculares do que a população em geral. Elas podem ter pericardite, uma inflamação do revestimento do coração que, geralmente, provoca dor no peito.
Fígado e rins – Embora não haja uma relação direta da artrite reumatoide com o fígado e os rins, alguns medicamentos para a doença podem afetar esses órgãos. Por isso, fazer o acompanhamento médico e exames periódicos é muito importante.
Sangue e vasos sanguíneos – A falta de controle da inflamação que acompanha a artrite reumatoide pode ocasionar anemia, bem como a formação de coágulos sanguíneos. Mas ambas as condições melhoram quando ela é controlada.
Sistema Nervoso – A artrite reumatoide pode originar problemas nos nervos dos braços e das pernas, causando dormência, formigamento ou fraqueza.
Pele – Cerca de 30% a 40% dos pacientes com artrite reumatoide desenvolvem nódulos reumatoides, que são pequenos caroços que se formam sob a pele, muitas vezes em áreas ósseas expostas à pressão, como os dedos ou os cotovelos. A menos que o nódulo esteja localizado em um ponto sensível, como em regiões muito utilizadas para realizar alguma tarefa, o tratamento talvez nem seja necessário. Às vezes até desaparecem naturalmente.
Fique atento
• Dor, inchaço e aumento da temperatura nas articulações
• Rigidez matinal, que pode durar horas
• Caroços firmes de tecido sob a pele em seus braços (nódulos reumatoides)
• Fadiga, febre e perda de peso.
Fisioterapia para corrigir e prevenir a perda dos movimentos
A fisioterapia e a prática de exercícios ajudam a corrigir e prevenir a perda ou a limitação do movimento articular, assim como a atrofia, a fraqueza muscular e a instabilidade das articulações. Isso porque músculos mais fortes ajudam a proteger a articulação inflamada pela doença autoimune. Os exercícios devem ser de baixo impacto articular e voltado para fortalecimento muscular e alongamentos, sempre observando as limitações individuais.
No início, a reabilitação pode ser feita com exercícios isométricos (feitos com a contração muscular sem o movimento do membro) e, após, com exercícios isotônicos (que envolvem a mesma contração muscular, mas agora com o movimento), introduzindo lentamente exercícios com carga. Após um período de 12 a 16 semanas, dependendo da evolução de cada paciente, é possível iniciar exercícios de fortalecimento.
DICAS PARA VIVER BEM COM A DOENÇA
Durma bem – É sabido que o sistema imunológico sofre influência do ciclo sono – e nesse sentido, o paciente com artrite reumatoide se beneficia muito de uma noite bem dormida, pois o organismo entra em equilíbrio e foge de problemas como estresse, gripes, resfriados ou alterações na pressão arterial. A higiene do sono também é fundamental para o bom controle sintomático da doença. Entretanto, alguns portadores podem sentir dificuldades para dormir por conta das dores, ficando com o sono quebrado em várias partes ou então pegando no sono muito tarde.
Controle seu peso – Manter um peso adequado é fundamental para quem tem artrite reumatoide por diversos motivos. O sobrepeso por si pode causar uma sobrecarga mecânica, e acelerar o processo de degeneração das articulações – contribuído para a piora do quadro. Além disso, a artrite reumatoide aumento o risco de doenças do coração, e a obesidade associada aumentaria ainda mais as chances a doença nesse paciente. A obesidade também pode favorecer problemas como hipertensão, diabetes e colesterol alto, que já são doenças comuns na pessoa com artrite independente de seu peso.
Evite passar muito tempo na mesma posição – O repouso por período prolongado favorece o acúmulo de líquido no interior da articulação inflamada, levando a distensão dessa e ao aumento da sensibilidade dolorosa. Esse é um dos motivos pelo qual os pacientes, geralmente, pioram as dores pela manhã ao acordar. Como não dá pra alongar, enquanto dormimos, o melhor a fazer é evitar passar horas sentado ou com os membros parados em uma mesma posição durante muito tempo. Se você vai viajar de carro ou avião, faça paradas ou levante-se do assento em alguns momentos, Enquanto estiver sentado procure movimentar e alongar as mãos, braços, pernas e pés. Se você trabalha em um escritório, procure alongar-se de tempos em tempos.