A importância dos abrigos no recomeço das famílias atingidas pelas enchentes
Durante o mês de maio, o Rio Grande do Sul viveu um dos maiores desastres climáticos de sua história. Dos 497 municípios do estado, cerca de 471 foram afetados pelas enchentes. A tragédia deixou aproximadamente 581.638 pessoas desalojadas, muitas das quais se abrigaram em casas de amigos ou parentes, enquanto outras se dirigiram para os abrigos temporários disponibilizados pelas prefeituras ou por iniciativas privadas.
No auge da emergência, o estado contava com 875 abrigos, segundo a Secretaria de Desenvolvimento Social. Contudo, com o recuo das águas, muitas famílias retornaram para suas casas, e hoje 32% dos abrigos já foram fechados, restando atualmente 592 unidades em operação.
Entre os abrigos temporários, a Igreja Assembleia de Deus (AD55), liderada pelo Pastor Mauro Santos, acolheu mais de 200 pessoas de cidades como Canoas, Cachoeirinha e Porto Alegre. De acordo com o pastor, durante este período houve muitos desafios e aprendizados. “Foi extremamente desafiador, ao mesmo tempo revelador. Nunca havíamos transformado o espaço da igreja, projetado para cultos, em um abrigo. A solidariedade das pessoas foi surpreendente, tanto dos desalojados quanto dos voluntários que vieram nos ajudar”, afirmou.
Além disso, o Pastor Mauro destacou a força do voluntariado e a resiliência das pessoas afetadas pela tragédia. “Aprendemos que, mesmo em momentos de crise, as pessoas encontram forças para ajudar os outros. Ficamos impressionados com a disposição de todos em participar de cultos e orações diárias, independentemente de suas crenças religiosas”, destacou.
Apoio as famílias que retornaram para casa
Muitos abrigos, com o objetivo de auxiliar as famílias a reiniciar suas vidas, disponibilizaram doações de móveis, eletrodomésticos e alimentos às pessoas que haviam perdido tudo para as águas. Um exemplo é a Igreja Ministério Vida do Reino em Gravataí, que forneceu cestas básicas e roupas às famílias abrigadas que estavam voltando para suas casas.
No caso da AD55, foi desenvolvido o projeto “Recomeço”, focado em ajudar as famílias que estiveram abrigadas na igreja, neste retorno para suas casas. Nas últimas semanas, os esforços se concentraram na limpeza das residências, em alguns casos, na construção de novas moradias e na distribuição de kits, que incluem itens básicos como pia, colchões, geladeira e fogão.
Atualmente, a AD55 retornou as suas atividades religiosas e todas as famílias abrigadas no local voltaram para suas casas. O esforço de recuperação contou com apoio significativo, não só de diversas regiões do Brasil, mas também de outros países. “Recebemos doações financeiras e materiais que foram cruciais para nossa missão. Fomos um canal de apoio, facilitando a chegada da ajuda às pessoas que mais precisavam”, concluiu o Pastor Mauro.
Embora a tragédia das enchentes tenha deixado cicatrizes profundas no estado, a mobilização comunitária e a solidariedade demonstradas durante esse período difícil trouxeram esperança e renovação. Com o apoio de instituições, voluntários e doadores, as famílias afetadas estão gradualmente reconstruindo suas vidas. As ações de recuperação, que continuam a acontecer, são um testemunho da força e da resiliência da população gaúcha.