| Eveline Juswiak
Psicóloga – CRP 07/20725
– “Nossa, como o tempo passou rápido esse ano!”
Acredito que você já tenha tido esse tipo de conversa com alguém, ou no mínimo já teve esse pensamento. O fato é que cada vez mais as pessoas têm a sensação de que o tempo está “escorrendo por nossas mãos”. Temos cada vez mais tecnologias que nos ajudam a agilizar nossas tarefas, transportes cada vez mais rápidos, e mesmo assim a percepção é de que o tempo está “voando”.
Mas como isso pode ser real, se ainda temos o mesmo número de horas e dias?
A questão não é a quantidade de tempo, que permanece a mesma, mas sim o como eu tenho vivido o tempo. Ou seja, de que maneira estou experimentando o tempo.
Já falei em outras oportunidades sobre viver de maneira plena o aqui e agora, e é justamente nesse ponto que quero voltar. Sempre chegamos ao final de um ano e refletimos sobre coisas que realizamos, ou que ficaram para trás, mas sempre fica aquela sensação de que faltou tempo para realizar tudo.
Agora a pergunta é: o que tem me atrapalhado de viver o momento presente de maneira atenta e plena?
Primeiramente acredito que o excesso de tarefas e compromissos faz com que percamos o prazer e a tranquilidade em fazer cada um deles. Por exemplo: enquanto estou escrevendo esse texto, ao invés de ficar apenas concentrada nessa tarefa para fazê-la de maneira inteira no tempo que preciso, sou levada por pensamentos de outras tarefas que tenho a fazer depois. Isso é normal, porém na maior parte das vezes é o excesso de atividades que nos prende fora do aqui e agora, fazendo com que não prestemos atenção totalmente no que estamos fazendo.
Pensamentos são um dos maiores obstáculos para nossa atenção, mas não por eles existirem, e sim pela forma como nos relacionamos com eles. A maior parte das pessoas tem dificuldade de perceber os pensamentos de forma que consiga se desconectar quando não precisa deles. Muitas vezes um pensamento se conecta a outro de maneira extremamente acelerada tornando mais difícil de se conectar ao mundo concreto. O Psiquiatra Augusto Cury, autor de diversos livros, vai chamar isso de Síndrome do Pensamento Acelerado.
Uma das coisas que estimula esse excesso de pensamentos é esse excesso de tarefas, mas também o excesso de informação. Somos bombardeados de informações vindas de maneira muito rápida todos os dias, e cada vez buscamos saber mais através das tecnologias disponíveis. Essa é uma forma de nos alimentar de conhecimento, porém estamos funcionando de maneira rápida igual as tecnologias.
Não é absurdo pensar que isso nos leva a ter menos consciência do tempo que vivemos, pois ficamos muito desconectados do mundo concreto. Percebemos pouco o mundo que está ao nosso redor, vivenciamos cada vez menos nossos 5 sentidos.
Experimente se desconectar de tantos pensamentos e sentir mais o que está à sua volta. Essa é a forma que eu acredito ser a melhor para viver o tempo em termos de qualidade. Sinta as sensações na sua pela, perceba sua respiração, ouça os sons à sua volta. Quando fizer uma tarefa, tente se conectar totalmente à ela, e você verá que o tempo é diferente do que está em sua mente!