A trajetória de Demósthenes Gonzalez foi marcada por grandes paixões que vão além da militância e perseguição política: o jornalismo, o ativismo social, a música e o futebol se fizeram presentes na sua vida. Foi um homem inquieto, controvertido e irreverente. Demósthenes foi casado com Dona Lys e teve cinco filhos. Morando em São Paulo e cursando direito, envolveu-se com a política onde teve a oportunidade de conviver com figuras como Graciliano Ramos e Jorge Amado. Foi também um grande pesquisador da vida e obra de Monteiro Lobato.
Em 1943 foi preso durante o Estado Novo por pertencer ao Partido Comunista. Juntamente com Agildo Ribeiro, Carlos Mariguela e outros membros do PCB foi levado para a Colônia Penal da Ilha Grande. Demósthenes e D. Lys fizeram de uma pequena sala um local onde davam aulas às crianças, aos jovens nativos da ilha e filhos de carcereiros. A revista O Cruzeiro de 1947, assinada por David Nasser, denunciou a injustiça de Demósthenes Gonzalez continuar detido na Colônia Penal mesmo após o término do Estado Novo. Ficou preso durante 5 anos.
Jornalista e compositor, Demósthenes Gonzáles foi amigo de infância de Lupicínio Rodrigues. Sua convivência com Lupi na noite porto-alegrense e os projetos que desenvolveram juntos resultaram no livro “Roteiro de um boêmio, vida e obra de Lupicínio Rodrigues” (1980). Escreveu, entre outros, nos jornais Diário de Notícias e Correio do Povo.
Na década de 60, Demósthenes veio para Cachoeirinha, onde foi presidente do Grêmio Esportivo Veranópolis. É de sua autoria a composição do hino do clube. Foi vereador e presidiu a Câmara em 1970. Entre 1979 e 1980, publicou uma monografia e produziu um espetáculo sobre Lupicínio Rodrigues. Nos anos seguintes teve várias composições gravadas. Ao longo da trajetória, Demosthenes também se dedicou à literatura, tendo escrito Ofício de viver, Rua Verde: lições de cárceres, Sabedoria do envelhecer e O Colecionador de anúncios. O compositor faleceu em 2000, aos 85 anos. No ano de 2016 a cidade de Cachoeirinha reconheceu a importância da sua obra colocando o seu nome na Casa de Cultura do município. Um presente nos 50 anos da cidade e que orgulhou os seus familiares e amigos.