Texto por Rita Trindade
O jornalista Andrei Fialho e o professor de história Amon da Costa estão produzindo um documentário que aborda a vivência no Rio Gravataí. A intenção é relatar a vida e histórias das pessoas que de alguma forma interagem com o Rio que abastece mais de um milhão de gaúchos da região metropolitana. O filme Gravataí, um rio em minha vida, será um longa metragem de 52 minutos e deverá ser lançado no segundo semestre de 2013. “Estamos fechando uma parceria com o Sesc, pelo projeto Cine-sesc, a proposta consiste em 10 exibições nas cidades que compõem a bacia do Rio Gravataí, o cronograma ainda não está definido, mas a nossa intenção é fazer o lançamento em meados de agosto”, declara Andrei.
A produção é independente e conta com auxílio de alguns voluntários à causa. Há alguns meses a dupla vem pesquisando e fazendo pré-entrevistas para saber quais histórias e relatos serão destacados no ducumentário. Amon da Costa revela que o Rio Gravataí foi isolado ao longo dos tempos das cidades de seu curso. “Em meados dos anos 70, a construção da Free Way separou o Rio das cidades e restringiu seu acesso. Apenas os bairros Parque dos Anjos, Passo das Canoas e Cavalhada oferecem aos moradores de Gravataí um canal de interação e acesso”, destacou.
Para Amon, este foi um fator que distanciou as pessoas de interagir com o Gravataí. “No início da produção fizemos algumas enquetes no centro da cidade para saber opiniões referentes ao Rio. Havia pessoas que não sabiam para que lado fica o Rio, apontavam para varias direções”, conta Andrei que ficou surpreso em saber daquantidade de estudos e de soluções ambientais para a preservação do Rio, mas para ele há um distanciamento de linguagem entre os atuantes técnicos e a população em geral. “Percebemos que precisamos aproximar o Rio das pessoas, e principalmente mostrar aos jovens que o Gravataí é uma fonte de lazer e esportes, como canoagem e até surf, no qual pranchas são amarradas aos barcos para prática do esporte”, revela.
Fialho defende que só com o conhecimento das alternativas oferecidas pelo Rio ele será atrativo à população em geral. “O Gravataí possui áreas de balneários, camping e pesca. E esse despertar é fundamental para a criação de vínculo e sentimento da comunidade. Só educar para a o uso consciente da água sem realmente conhecer a fonte, é pouco.” O enfoque de um rio vivo será o norte do documentário, em que várias histórias e ações se cruzam diariamente em suas margens. Segundo Costa, a vivência dos ribeirinhos em muitos casos é uma filosofia de vida, “eles vivem em parceria com o Rio”.
Para os produtores do projeto existem vários sentimentos em relação ao Rio Gravataí, o carinho e a preocupação de seus usuários, o medo e respeito pela frequência de afogamentos e acidentes, a indiferença, a revolta pela má utilização da água pela agricultura, que afeta a pesca e o tratamento da água potável. Esses são alguns elementos que fazem a narrativa da vida entorno do Rio Gravataí ser singular e principalmente humana. “Este é o foco para o documentário. Há alguns dados técnicos que terão que ilustrar a produção, mas o real objetivo é apresentar à toda população a origem da água que sai na torneira de sua casa, as pessoas precisam perceber que o Rio Gravataí está presente em tudo que nos cerca”, ressalta Costa.
Segundo Andrei já existe procura por parte de escolas e entidades que desejam promover eventos com o documentário. “A procura já é grande, por isso estamos elaborando um projeto pedagógico junto ao documentário para qualificação de professores que deverão ser reprodutores de exibições, além disso, contamos com a anuência da TVE que já emitiu carta com o desejo de colocar o documentário em sua programação.” O documentário também será comercializado em DVDs em eventos de exibições, locais determinados e pela internet. Empresas como Sogil, Dimobi Imobiliária, Clínica Raio Som, Academia Perfil, Mega Palco além da Associação Comercial e Industrial de Gravataí – ACIGRA são parceiras do projeto.