Texto por Prof. Saul Sastre
O Cirque du Soleil tem um espetáculo “Juggling Routine – Amazing”, numa tradução livre ‘malabarismo de rotina’, incrível, como o próprio título sugere. O show começa com a apresentação de uma performance, pessoas com fantasias, sedas, fumaça branca, misticismo e música. De repente tudo muda, o som fica mais quente e o ator principal, o Homem das Bolinhas aparece se contorcendo e fazendo malabarismos. Outro artista, pendurado em um trapézio acima dele, vai liberando bolinhas, duas, três, quatro, cinto, dez… Tudo perfeito com uma sincronia inacreditável, a plateia delira com os saltos e contorções sincronizadas. Amazing.
Com exceção do homem das bolinhas, todos os outros artistas dali, podem ser treinados em poucas semanas, afinal já sabem dançar e o seu desafio será apenas entender o espetáculo. Já ele não, o Homem das Bolinhas é o próprio espetáculo, sem ele não tem como existir, podemos afirmar que ele é insubstituível.
Ao assistir a apresentação, nos damos conta que seu corpo e sua mente foram preparados uma vida toda para aquele espetáculo e para chegar naquele momento de maestria. Além do talento do artista, nota-se muita disciplina nos treinos, alimentação, ginástica, enfim, tudo voltado ao belo.
O homem das bolinhas nada mais é que uma pessoa normal, como todos os seus colegas do espetáculo, com vários pontos fracos e fortes, sendo um de seus pontos fortes as habilidades manuais. A maioria das pessoas tenta manter seus pontos fortes, fortalezas e amenizar suas fraquezas através de treinamentos ou mudanças de atitudes. O Homem das Bolinhas não, além de “ajeitar” aquilo que ele era ruim, procurou se diferenciar dos demais, trabalhando com muita disciplina no que ele já era bom e assim se tornou uma unanimidade de destaque no maior circo do mundo.
Ele nos prova que quem quer vencer e se destacar, deve trabalhar com muita disciplina naquilo que já é bom, corroborando com o prof. Waldez Ludwig, que nos ensina que as pessoas recebem pela sua raridade e não pela sua importância.
O Cirque du Soleil vende a experiência de estar lá, mas se pensarmos bem é muito mais que isso.