Mulher e mãe na tecnologia: força, inovação e futuro
A presença feminina na tecnologia sempre foi uma força silenciosa — constante, dedicada, transformadora. Ao longo das últimas décadas, mulheres abriram caminhos, enfrentaram estigmas e provaram que inovação também é lugar de sensibilidade, visão estratégica e múltiplas jornadas. E, entre essas jornadas, talvez nenhuma seja tão intensa e desafiadora quanto a da maternidade.
Desde os primeiros dias da computação, mulheres como Ada Lovelace, que desenvolveu o primeiro algoritmo para a máquina analítica de Charles Babbage, e Grace Hopper, que criou a linguagem COBOL, já desafiavam os limites da tecnologia em uma época em que o campo era amplamente dominado por homens. Elas, apesar de não serem mães, representaram um marco para futuras gerações de mulheres que, como eu, conciliariam a carreira e a maternidade com paixão pela inovação.
Quando meus filhos nasceram, em 1987 — dois de uma só vez, gêmeos — eu já era uma profissional da TI. Conciliar a maternidade com a carreira foi um exercício diário de gestão de tempo, de superação de expectativas e de resistência diante de uma cultura que, por muito tempo, duvidou da capacidade das mulheres de ocuparem lugares estratégicos, especialmente sendo mães.
Mas ao longo dos anos, o que se viu foi justamente o contrário: mães inovando, liderando times, criando tecnologias, empreendendo, pesquisando e formando novas gerações. Porque a maternidade não limita — ela expande. Amplia o olhar, fortalece a empatia e traz consigo uma urgência transformadora, que combina com os desafios da inovação. Mulheres como Radia Perlman, “mãe da Internet”, mostraram que, mesmo sendo mães, é possível transformar a realidade da tecnologia e criar o futuro.
Hoje, felizmente, vivemos um novo cenário. Ainda com desafios, sim, mas com avanços significativos. Mulheres estão no comando de empresas de tecnologia, à frente de projetos de impacto, desenvolvendo soluções em inteligência artificial, ciência de dados, cibersegurança, robótica e muito mais. E muitas dessas mulheres também são mães — que cuidam, criam, gerenciam e inspiram, tudo ao mesmo tempo.
É preciso continuar incentivando políticas públicas, ambientes inclusivos e formação de talentos com equidade. A tecnologia do presente — e do futuro — precisa ser pensada por todas as vozes. E não há inovação verdadeira sem diversidade.
Ser mulher e mãe na tecnologia é, acima de tudo, uma forma de moldar o futuro com mais humanidade. É usar a força da vida real para criar soluções reais. Maternidade e tecnologia são duas formas de criar, cuidar e transformar o mundo — e demonstram, a cada passo, que o poder da mulher está em transformar a realidade e ocupar os espaços que desejar, inclusive no coração pulsante da inovação.
Foto: Loja Rosa Valim