Inteligência Artificial: da teoria de Turing aos dias de hoje
Por Selma Fraga
Muito antes da Inteligência Artificial (IA) ser um termo presente nas conversas do nosso dia a dia, o matemático britânico Alan Turing já vislumbrava um mundo em que as máquinas pudessem “pensar”. Em 1936, Turing apresentou os primeiros modelos matemáticos que fundamentariam o que hoje chamamos de algoritmos – estruturas lógicas que guiam o funcionamento de programas de computador e, posteriormente, dos sistemas de IA.
Turing foi um visionário. Em plena década de 1940, ao criar a chamada máquina de Turing, ele propôs um modelo teórico capaz de simular qualquer algoritmo computacional. Esse conceito, ainda que abstrato, é a base do funcionamento dos computadores modernos. Em 1950, ele deu um passo além: escreveu o artigo “Computing Machinery and Intelligence” e propôs o famoso Teste de Turing, uma forma de avaliar se uma máquina pode demonstrar comportamento inteligente indistinguível do de um ser humano.
Mais de 70 anos depois, estamos vivenciando o que parecia ficção científica: carros autônomos, assistentes virtuais, diagnósticos médicos feitos por IA e até sistemas capazes de criar obras de arte, músicas e textos. A IA está mudando a forma como trabalhamos, nos comunicamos e até como pensamos sobre o futuro.
Mas afinal, o que é a IA
A Inteligência Artificial é um campo da ciência da computação que busca desenvolver sistemas capazes de executar tarefas que normalmente exigiriam inteligência humana – como aprender, raciocinar, resolver problemas e tomar decisões. Ela se divide em várias vertentes, incluindo o machine learning (aprendizado de máquina), o deep learning (aprendizado profundo), e os sistemas especialistas, entre outros.
A IA hoje está presente em aplicativos de mobilidade, nos filtros das redes sociais, nas sugestões de filmes e músicas, e até nos diagnósticos médicos mais complexos. No setor público, pode ser usada para prever demandas sociais, para melhorar o planejamento urbano e para personalizar serviços aos cidadãos. Já na educação, abre portas para o ensino personalizado, inclusivo e dinâmico.
Desafios e oportunidades
A popularização da IA traz oportunidades imensas, mas também impõe grandes desafios. Questões éticas como viés algorítmico, privacidade de dados e impacto no mercado de trabalho precisam ser enfrentadas com responsabilidade e transparência.
Por isso, é fundamental que a sociedade participe ativamente desse debate. Precisamos garantir que a IA seja uma ferramenta a serviço das pessoas – que amplie direitos, reduza desigualdades e gere oportunidades, especialmente para os que mais precisam.
E isso começa na base: com educação de qualidade, acesso à tecnologia e políticas públicas voltadas para a inclusão digital e a formação de talentos.
Gravataí já deu passos importantes nesse sentido. Programas de capacitação tecnológica, hackathons, torneios de robótica, Laboratório de Inteligência de Dados e políticas públicas de inovação são exemplos de como os municípios também podem liderar essa transformação. Quando o poder público se conecta com a comunidade, com as escolas, com o setor produtivo e com a academia, a inovação deixa de ser um conceito distante e passa a ser parte do dia a dia das pessoas.
A pergunta que Turing lançou em 1950 — “As máquinas podem pensar?” — talvez ainda esteja em aberto.
Mas o mais importante hoje é: como nós, enquanto sociedade, escolhemos pensar com elas?