Jovem de Cachoeirinha representará Brasil em competição Internacional de Design
Em menos de 20 dias, Maria Eduarda da Silva Lima, de 21 anos e moradora de Cachoeirinha, representará o Brasil no Certiport’s Adobe Certified Professional World Championship, que seleciona os alunos mais criativos do mundo. Após conquistar o primeiro lugar na etapa nacional, a estudante do Senai RS embarca para Anaheim, na Califórnia, onde a final acontecerá entre 28 e 31 de julho.
Maria Eduarda competiu com 152 candidatos de 16 a 22 anos, de 15 estados brasileiros. Seu desempenho no uso das ferramentas Adobe Illustrator e Photoshop garantiu sua vaga na etapa internacional. Eduarda será acompanhada por sua professora, Karine Collioni, que a orienta desde 2018 e já foi competidora, possuindo experiência em competições internacionais.
De acordo com Maria Eduarda, no momento do anúncio, quase não acreditou que havia vencido a etapa nacional e seria a representante do Brasil. “Na hora, demorou para cair a ficha porque assistimos à cerimônia aqui com os alunos e estávamos confiantes, mas não sabíamos o que ia acontecer. Já estávamos no top 10, então a expectativa era boa”, destacou.
A orientadora e professora, Karine Collioni, ressaltou que, apesar do otimismo, o resultado foi uma surpresa, pois os processos de avaliação são exclusivos da organização. “Para mim também foi uma surpresa, porque tínhamos uma boa expectativa, como a Maria disse, mas nunca sabemos como será a avaliação, pois não participamos dela. É um processo bastante exclusivo da organização do evento”, afirmou.
Além de Maria Eduarda, outra estudante brasileira, Manuela Pellegrini Tadeu, de 20 anos, de São Paulo, também representará o Brasil na competição. Os finalistas competirão com representantes de mais de 80 países, disputando prêmios que variam de US$ 2 mil a US$ 8 mil, além de entradas para a Disneyland.
Da Escola Pública ao Pódio da Adobe
Na etapa nacional, os participantes tiveram três horas para desenvolver projetos gráficos para a ONG Grupo Brasil Vida, que atua em defesa dos direitos dos idosos. Maria Eduarda explicou que, assim como na etapa internacional, a prova nacional exigiu a criação de peças para redes sociais, incluindo um carrossel e um story, sobre o tema escolhido pela seletiva. Cada país escolhe seus representantes através de provas semelhantes à etapa mundial.
O processo seletivo brasileiro contou com 152 participantes de diversos estados e instituições, incluindo Senai e outras universidades. As provas foram realizadas simultaneamente e online, com cada participante desenvolvendo seus projetos dentro do tempo estipulado.
“Aqui no Brasil normalmente criamos um card para redes sociais. No mundial, a prova é um pouco diferente, focada também na questão gráfica, mas lá geralmente é criado um cartaz. Então, aqui é mais focado nas redes sociais e lá um pouco mais na impressão, mas é uma prova semelhante, cada um em seu computador individualmente”, explicou.
Para se preparar, Maria Eduarda analisou os critérios exigidos pela Adobe e os trabalhos selecionados nos anos anteriores. A inscrição na premiação requer a comprovação de habilidades nos softwares, através de uma prova online promovida pela Certiport, instituição vinculada à Pearson.
“Quando estávamos na primeira prova, eu peguei as provas antigas realizadas pelo Brasil, já que competimos duas vezes antes do ano passado, e comparei o que foi avaliado. Avaliaram fontes, geralmente sem serifa, requisitaram as fontes da instituição e da ONG, as cores padrão, o formato e o arquivo, tudo detalhado. Estudamos as provas anteriores porque a parte técnica é fundamental, caso seja a mesma”, afirmou.
Além disso, em 2023, Maria Eduarda ganhou a medalha de prata na competição WorldSkills, que engloba diversos cursos técnicos de educação profissional e tecnológica. Agora, com o apoio do Senai para despesas de transporte e hospedagem, ela se prepara para a etapa internacional.
Moradora de Cachoeirinha, Maria Eduarda sempre estudou em escolas públicas. Durante o ensino fundamental, frequentou a Escola Municipal Prof. Ivo Antonio Rech. A estudante destaca que desde cedo demonstrou interesse em aprender coisas novas, participando de cursos gratuitos oferecidos na instituição. Mesmo vindo de escolas públicas, conseguiu atingir muitos objetivos. No ensino médio, fez parte da Escola Estadual de Ensino Médio Osvaldo Camargo.
Além do ensino básico, Maria Eduarda também participou de cursos oferecidos pelo Senai, ingressando na instituição através do Programa Jovem Aprendiz, onde recebia uma bolsa auxílio. “O curso que fiz no Senai era para pessoas de baixa renda, recebia uma bolsa para estudar e ganhava um salário, além do custo de passagem”, explicou.
Rumo à Califórnia
Desde 2021, os brasileiros têm se destacado no pódio mundial da competição. Em 2022, Manoela Campos, de Porto Alegre, foi vice-campeã geral, e no ano passado, Egberto Oliveira, de Maceió, ficou em terceiro lugar geral. Este ano, está nas mãos de Maria Eduarda garantir a posição do Brasil. Para a professora Karine Collioni, que acompanhou a vencedora da prata em 2022, a responsabilidade é grande.
“Acho que não é só uma expectativa, há uma pressão muito grande porque o Brasil esteve no pódio nas últimas três participações. Em 2021, na prova online, o Brasil ficou com a medalha de prata. Em 2022, quando levei a competidora, conquistamos a prata novamente. Em 2023, o representante do Senai Maceió ficou com a medalha de bronze. Então, temos essa obrigação de continuar no pódio de alguma forma. Mas nossa expectativa é o ouro”, ressaltou.
Maria Eduarda está empenhada em trazer o ouro para casa. Por isso, além de sua dedicação e talento, ela intensificou sua preparação com um curso específico voltado para a competição mundial. “A gente se esforça bastante e trabalha muito para conseguir um bom resultado. Atualmente, trabalho meio período no Senai como colaboradora e estudo nas outras horas. Montamos um curso específico para o treinamento, conciliando minha rotina de trabalho com os estudos para a prova mundial. Já tínhamos cursos de treinamento para a Olimpíada, e agora focamos na competição mundial”, explicou.
A Importância da Educação na Trajetória Rumo ao Ouro Internacional
A educação sempre foi fundamental na trajetória de Maria Eduarda. Desde criança, viu na escola não apenas um lugar de aprendizado, mas também um espaço para explorar sua criatividade e habilidades. “Eu sempre fui uma aluna que queria sobressair, participar de tudo que a escola oferecia. Se tinha coral, eu participava; se tinha aula de violão, eu estava lá. Sempre busquei aproveitar ao máximo os benefícios que a educação proporciona aos alunos”, destacou.
Essa busca por oportunidades levou Maria Eduarda ao Senai, onde encontrou sua paixão pelo design. “Eu gostava muito de desenhar e de arte, mas não sabia que poderia ser uma profissão até minha mãe me incentivar a participar dos cursos do Senai. Foi lá que descobri meu interesse pelo design”, explicou.
A educação não apenas abriu portas para Maria Eduarda descobrir sua vocação, mas também a ajudou a conciliar estudos, trabalho e aprendizado técnico. Durante o ensino médio, ela estudava de noite, trabalhava à tarde e frequentava o Senai pela manhã. “Fiz isso durante três anos para poder ajudar em casa e continuar estudando. A educação sempre esteve ao meu lado, proporcionando as ferramentas necessárias para alcançar meus objetivos”, concluiu.
Para sua professora, Karine Collioni, a educação vai além de um simples aprendizado técnico, é uma verdadeira jornada de transformação. Como ex-aluna do Senai, testemunhou em primeira mão o impacto positivo que a educação pode ter na vida dos jovens.
“Para mim, é algo mais profundo. Assim como Maria Eduarda, fui aluna neste mesmo curso em 2008. Após quatro anos como colaboradora, ingressei como docente, ensinando o curso que um dia eu também cursei e que Maria Eduarda completou em 2018. Apesar dos dez anos que nos separam, acredito firmemente na importância de manter essas competições educacionais porque além de claro, darem visibilidade para o ensino de qualidade, também dão outras perspectivas para outros jovens, servem de inspiração”, compartilhou.
Karine vê na educação uma oportunidade de mostrar novos horizontes e capacitar os jovens a transformar suas realidades. “Então tudo que eu tenho, o que eu sou na minha carreira foi porque eu tive uma educação muito forte. Então eu vejo isso como uma grande oportunidade de mostrar outros olhares, diante de realidades que talvez eles achassem que eles não podiam mudar. Então acho que a gente tem essa importância na vida das pessoas, de conseguir mostrar e enviar o olhar para um futuro diferente”, concluiu.