Texto por Denise de Oliveira Milbradt | Foto Divulgação
Como já dizia aquele velho ditado: de louco todo mundo tem um pouco. O ser humano é naturalmente diferente um do outro e cultiva muitos hábitos e costumes, que divergem na hora da sua interação. O que poucos sabem, contudo, é que levam consigo algumas ‘pequenas’ manias como, por exemplo, roer unhas quando está estressando. Sente dificuldades na hora de descartar objetos, aparentemente, sem nenhum valor ou necessidade de uso, que acabam transformando sua casa num ‘amontoado’ de coisas inúteis? Algumas pessoas ainda são obsecadas por limpeza. Identificou-se com alguma dessas manias? Cuidado: hábitos aparentemente inofensivos podem esconder um Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC), uma espécie de distúrbio psiquiátrico de ansiedade. A principal característica do TOC é a presença de crises recorrentes de obsessões e compulsões.
Recente estudo desenvolvido pela Universidades de São Paulo (USP) e Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM-IV) divulgou que o TOC atinge 4% da população mundial. O mais comum deles é o Ablutomania, conhecido como mania de limpeza. A pessoa com este tipo de transtorno teme o contágio com algum tipo de vírus ou bactéria e, para livrar-se lava as mãos excessivamente, toma banhos por horas, usa talheres descartáveis e não toca em maçanetas. Depois aparece o Onicofagia, os obsecados por roer as unhas. Figuram na lista também os Hipocondríacos.
As causas do TOC não estão bem esclarecidas. Certamente, trata-se de um problema multifatorial. Estudos sugerem a existência de alterações na comunicação entre determinadas zonas cerebrais que utilizam a serotonina. Fatores psicológicos e histórico familiar também estão entre as possíveis causas desse distúrbio de ansiedade.
Em algumas situações, todas as pessoas podem manifestar rituais compulsivos que não caracterizam esse tipo de transtorno. O principal sintoma da doença é a presença de pensamentos obsessivos, que levam à realização de um ritual compulsivo para aplacar a ansiedade que toma conta da pessoa.
Em geral, só nove anos depois que manifestou os primeiros sintomas, o portador do distúrbio recebe o diagnóstico de certeza e inicia o tratamento. Por isso, a maior parte dos casos é diagnosticada em adultos, embora o transtorno obsessivo-compulsivo possa acometer crianças a partir dos três, quatro anos de idade. Na infância, o distúrbio é mais frequente nos meninos. No final da adolescência, porém, pode-se dizer que o número de casos é igual nos dois sexos.
O tratamento pode ser medicamentoso e não medicamentoso. No caso do medicamentoso utiliza-se antidepressivos inibidores da receptação de serotonina. São os únicos que funcionam. Já a terapia cognitivo-comportamental é uma abordagem não medicamentosa com comprovada eficácia sobre a doença. Seu princípio básico é expor a pessoa à situação que gera ansiedade, começando pelos sintomas mais brandos. Os resultados costumam ser melhores quando se associam os dois tipos de abordagem terapêutica. É sempre importante esclarecer o paciente e sua família sobre as características da doença. Quanto mais informados estiverem do problema, melhor funcionará o tratamento.
Transtornos mais comuns
1. Ablutomania (limpeza): o medo de contágio faz a pessoa lavar as mãos excessivamente, tomar banhos por horas, usar talheres descartáveis e não tocar em maçanetas.
2. Acribomania (precisão e organização): arrumação de objetos até uma suposta ordem. Se o sujeito toca algo ou alguém sem querer, sente-se obrigado a tocar com o outro braço.
3. Aritmomania (contagem ou verificação): repetir tarefas (amarrar os sapatos, ligar a TV) um número exato de vezes. Para o maníaco, isso impede que algo grave aconteça.
4. Colecionismo (acumular tralhas): o sujeito guarda sem organização coisas sem valor, como caixas e jornais. Muitas vezes, é caso de saúde pública.
5. Onicofagia (roer as unhas): em momentos de nervosismo e tédio, o sujeito rói, morde, mastiga e engole as unhas, e acaba ferindo a pele em volta.
6. Tricotilomania (arrancar cabelos e pelos): o impulso de arrancar cabelos e pelos da face e do corpo é tão automático que o cara só se dá conta quando existem falhas visíveis.
7. Dermatilomania (cutucar a própria pele): nesses casos, ao fuçar despreocupadamente, pode deixar as áreas lesionadas e com cicatrizes. Depois do nervosismo, vem o alívio e, por fim, o arrependimento.
8. Cleptomania (roubar quinquilharias): não tem a ver com necessidade, mas com o prazer de roubar. Após um tempo, os objetos são dados ou jogados fora.
9. Hipocondria (doença): qualquer alteração é vista como sinal de doença. Os hipocondríacos vão a vários médicos atrás da confirmação de um diagnóstico imaginário.
10. Megalomania (poder ou superioridade): costuma ser associada à fase de euforia do transtorno bipolar. O megalomaníaco tende a atribuir a si mesmo grandes feitos.