Por Fernando Sanchis | Ortopedia e Traumatologia | CRM 25.665 | RQE 16.293
A osteoporose é um sério problema social. As estatísticas comprovam que essa doença representa uma das grandes causas de incapacidade e/ou limitações, porque 70% dos pacientes diagnosticados têm alguma morbidade e, por isso, terão menor capacidade laborativa e social. Daí a importância da disseminação da informação e a realização de um exame chamado densitometria óssea, tão recomendado pelos especialistas. Não é só: mais de 30% das mulheres na pós-menopausa e 15% dos homens acima de 50 anos são acometidos pela doença no Brasil e esta enfermidade é, hoje, a principal causa de fraturas por baixo impacto, especialmente em mulheres na pós-menopausa e em idosos, e pode levar a complicações sérias como dores crônicas, dificuldade para locomoção e deterioração da qualidade de vida.
O problema se torna mais sério ainda com o que revela uma pesquisa recente realizada pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp): 90% dos entrevistados já tinham ouvido falar em osteoporose mas não sabem de detalhe algum sobre o assunto e em torno de 70% das mulheres e 85% dos homens que já haviam apresentado uma fratura por fragilidade óssea desconheciam que a mesma tinha sido causada pela osteoporose. Essa pesquisa conclui que o brasileiro não sabe como prevenir ou tratar essa doença e nem mesmo que especialista deve procurar. A falta de informação é um dos grandes problemas da osteoporose no Brasil.
A maioria das pessoas só costuma se consultar quando sentem dores constantes. E mesmo assim, somente quando estas dores começam realmente a incomodar e provocar uma perda considerável de qualidade de vida. A osteoporose é conhecida como uma epidemia silenciosa. Na maioria das vezes, a dor surge apenas quando ocorrem numerosas fraturas, geralmente na coluna, o que traz dor crônica e até incapacidade.
É importante divulgar a osteoporose, seus efeitos e tratamentos. A doença pode ser tratada e podemos oferecer ao paciente a qualidade de vida desejada. Os principais fatores de risco são idade avançada, baixo peso, raça caucasiana, histórico familiar, deficiência hormonal, dieta pobre em cálcio, uso de determinadas medicações como corticóides, fumo, álcool e uma vida sedentária.
Outra estatística alarmante aponta que 40% das mulheres acima dos 50 anos vão desenvolver osteoporose em algum momento de suas vidas. Mas desse total, apenas 3 em cada 10 terão a doença diagnosticada. As fraturas vertebrais aumentam em até oito vezes a taxa de mortalidade. Isso demonstra como o assunto é sério. O diagnóstico desta enfermidade é feito através da densitometria óssea, um exame preciso, simples e indolor. Este exame pode prever o risco de fratura do paciente pelos próximos 10 anos. Assim, é possível prevenir sérios problemas no futuro. A prevenção começa cedo. É preciso ter uma dieta rica em cálcio desde a infância, manter atividade física regular, além de evitar o consumo de álcool e fumo.
DORES NAS COSTAS E A DEPRESSÃO
As dores nas costas, principalmente na região lombar (parte baixa da coluna), são uma das grandes causas de afastamento do trabalho e de má qualidade de vida. É bem conhecida pelos médicos a importância de quadros depressivos em pacientes com dores lombares crônicas; já que a incidência de uma pode potencializar a ocorrência da outra, seja em intensidade e/ou frequência dos quadros clínicos de depressão e dor lombar.
A dor nas costas é a terceira causa de aposentadoria e a segunda de licença ao trabalho no Brasil. Esses números nos dão a dimensão do sofrimento desses pacientes: 60 milhões de pessoas, cerca de um terço da população brasileira, sofre com dores na coluna, segundo dados da Organização Mundial (OMS). Dados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) apontam que a dor nas costas está entre as principais causas de aposentadoria por invalidez no país. Pessoas que sofrem de dores crônicas na coluna têm quatro vezes mais chances de desenvolver transtornos depressivos, se comparadas à população em geral.
A relação entre dor lombar e depressão é muito mais estreita do que parece. De acordo com estudos recentes, o risco de desenvolvimento de quadros depressivos em pessoas com dores lombares crônicas é de cerca de 60%. A associação entre as duas doenças é um importante alerta para a comunidade médica e para os pacientes, porque ambas são incapacitantes, causando grandes transtornos e sofrimento aos pacientes.
A combinação de dor lombar com depressão gera um efeito nocivo no indivíduo, na medida em que uma doença pode potencializar o efeito incapacitante da outra. Em razão da gravidade de ambas as doenças, a principal recomendação é que a ocorrência de depressão seja sempre investigada em pacientes com dor lombar crônica. Uma vez constatada, deve receber tratamento conjunto ao da lombalgia, já que a associação de uma doença à outra pode gerar um ciclo vicioso. Quando necessária uma intervenção cirúrgica, a análise clínica do paciente torna-se ainda mais importante, já que resultados de cirurgias da coluna tendem a ser piores em pacientes deprimidos.