Texto por Denise de Oliveira Milbradt | Fotos Divulgação
As horas do dia não são suficientes para cumprir todos os compromissos. Nas ruas, as pessoas correm no ritmo frenético em meio ao trânsito caótico. O apelo ao consumo acima do normal na mídia também dá indícios que o final de ano se aproxima. Época em que as pessoas estão cansadas, irritadas e…estressadas. Normal? Será? Como saber se você não é vítima de uma doença crônica conhecida como Transtorno Agudo do Estresse?
O Transtorno Agudo do Estresse (TEA) é caracterizado por sintomas físicos (dores no corpo, taquicardia, falta de ar, cansaço, indisposição) e psicológicos (como estado de “atordoamento”, retraimento social, tristeza, raiva, diminuição da atenção, irritação, desespero, desesperança, medo intenso) que iniciam imediatamente após a exposição do indivíduo a um estressor excepcional. Para a doutora e mestre em Psicologia, Arianne de Sá o indivíduo acometido por este transtorno passa a reproduzir na memória a situação traumática através de flashbacks, sonhos e até recordações recorrentes.
Quem sofre desse tipo de transtorno também apresenta dificuldade de concentração, excitabilidade e hipervigilância (resposta de sobressalto exagerada), além de inquietação motora. Segundo Arianne, os sintomas são tão perturbadores que chegam a comprometer até as relações sociais e ocupacionais. O TEA se manifesta semelhante a um episódio traumático, que tenha gerado medo, pânico e tensão. Após, a pessoa reage como se estivesse desconectada do mundo.
Dependendo do período de tempo de duração destes estressores, de sua intensidade e consequências para o indivíduo, podem ser duradouras ou eventuais. A psicóloga explica que quando o estressor é transitório ou pode ser amenizado, os sintomas também diminuem em um período de dois dias até quatro semanas. Mas, se a exposição é continuada, o estresse pode se tornar algo crônico e gerar transtornos mais graves. Na lista está o Transtorno de Estresse Pós-traumático (TEPT), transtorno de ansiedade generalizada, transtorno do pânico, dentre outros. O diagnóstico de Transtorno Agudo do Estresse diferencia-se do TEPT essencialmente por causa do período de tempo transcorrido desde o evento traumático. No caso da transcorrência inferior a um mês, caracteriza-se o TEA; no caso de um período superior a 30 dias, o diagnóstico correto é o de TEPT.
Tratamento permite vida saudável e feliz
Ainda que as consequências de qualquer transtorno de cunho emocional seja uma batalha diária e árdua, a boa notícia é que há tratamento. Familiares e amigos podem ajudar a dar o primeiro passo, que é identificar o problema.
Estudos mostram que as estratégias psicológicas mais eficientes para o tratamento do TEA são a Terapia Cognitivo-Comportamental, principalmente, a Terapia Cognitiva por meio da Reestruturação Cognitiva e a Terapia Comportamental por meio da Terapia de Exposição Prolongada.
A especialista em Terapia-Comportamental e Hipnoterapeuta, a psicóloga Arianne de Sá defende a eficácia da Hipnoterapia (Hipnose Clínica) para a indução de relaxamento e exposição imagética concomitantes. Segundo ela, aos poucos os sintomas de estresse são gradativamente extintos. “Alguns estudos também indicam como alternativa a terapia de Dessensibilização e Reprocessamento por meio dos Movimentos Oculares no tratamento de sintomas de estresse agudo e pós-traumático”, completa.
Evite o transtorno no dia-a-dia
Algumas estratégias podem ser adotadas para não ser mais uma vítima do Transtorno Agudo do Estresse. É importante não perder a capacidade de definir objetivos e metas diárias como forma motivacional, além de perceber o que é de fato relevante. Organizar, adequadamente, o tempo e as atividades parece ser fundamental para o indivíduo dar conta do excesso de demandas características do final do ano, por exemplo. O uso de agendas, cronogramas, lembretes e a capacidade de apontar prioridades são fundamentais para que seja definido de maneira eficiente os passos para lidar com as demandas diárias.
Arianne aconselha ainda a realização de exercícios de autoanálise e questionamentos dos valores pessoais, familiares e profissionais. A estratégia é não ceder a pressões externas que não correspondam àquilo que, realmente, está alinhado às crenças e ao que faz sentido para cada ser humano. “Neste sentido, é importante também um exercício de enfrentamento das reais necessidades psicológicas e físicas, que devem ser buscadas em detrimento das necessidades superficiais, muitas vezes, impostas. As capacidades de resolver os problemas que aparecem, de expressar percepções e sentimentos de forma clara e assertiva também são fundamentais”, aconselha a psicóloga.
Sintomas comportamentais
– Anestesia: quem passou por isso fica como que se estivesse anestesiado e acordado ao mesmo tempo.
-Desliga-se do mundo e não responde adequadamente a estímulos como conversas ou contato físico.
-Há um distanciamento emocional. Os pensamentos se desconectam do momento atual e a pessoa fica como que se estivesse sonhando acordada.
– Amnésia dissociativa: as pessoas não se lembram do momento do trauma e não conseguem relatar o que aconteceu.
-Despersonalização: perde-se a consciência do próprio ser.
– Dificuldade para dormir, para se concentrar, irritabilidade, agitação motora, resposta exagerada a qualquer sobressalto.
-As pessoas ficam ansiosas e evitam falar ou lembrar do fato. Tendem ao isolamento.
-Esses sintomas podem ocorrer entre 2 dias e 4 semanas após o evento estressante.