Texto por Rita Trindade | Fotos Divulgação
Todo mundo sabe sobre a importância de comer bem: traz benefícios para a saúde, ajuda a nos manter ativos para realizar as tarefas do dia a dia e melhora até o humor. Uma alimentação saudável é aquela que reúne todas as substâncias químicas de que o corpo precisa para funcionar corretamente. Requer muita diversidade de ingredientes em todas as refeições, com equilíbrio entre carboidratos, proteínas, gorduras, vitaminas e minerais. No caso de crianças e adolescentes, ter uma alimentação saudável é imprescindível, pois é nessa fase que a pessoa adquire os costumes e hábitos que terá no decorrer da vida.
Atualmente a obesidade e o sobrepeso afetam 39% das crianças brasileiras, o que representa 1.000% a mais que há 40 anos, segundo o pesquisador e médico brasileiro Víctor Rodríguez Matsudo, um dos responsáveis pelo Estudo Internacional de Obesidade Infantil, desenvolvido em vários países. Esta taxa foi considerada por Matsudo “extremamente alta”, e o profissional adverte que a tendência é esta porcentagem continuar subindo. “A tendência é dramática porque a quantidade de crianças com excesso de peso é muito maior do que as que têm obesidade, de modo que em pouco tempo aumentará a quantidade de crianças obesas”, comentou.
Na escola, espaço ocupado por crianças e jovens, a questão sobre a alimentação se torna ainda mais relevante. Porém todo mundo sabe que a oferta de alimentos saudáveis nas cantinas e lanchonetes que funcionam dentro das escolas costuma ficar bem abaixo do desejável. Por questões de praticidade, custo e armazenamento, é mais fácil encontrar produtos industrializados, que têm prazo de validade maior – mas causam mais danos à saúde que os alimentos in natura.
Apesar da alimentação industrializada ainda ser o carro chefe da maioria das cantinas das escolas, os educadores não podem desistir de oferecer para seus alunos uma alimentação de qualidade. E tudo começa com um cardápio bem elaborado, sempre feito pelo profissional habilitado que é o Nutricionista. “A partir desse cardápio podemos fazer atividades e projetos de educação sobre alimentação com os alunos. Na escola essas atividades de educação também são feitas na rotina, como o estímulo dos educadores aos alunos para provarem todos os tipos de alimentos e o exemplo que os colegas dão uns aos outros. As atividades práticas usam o lúdico e o ato de brincar como recursos. Dessa maneira o ‘brincar de fazer comidinha’ assume uma nova forma e a turma juntamente com a nutricionista e a professora podem fazer oficinas culinárias. Jogos, atividades didáticas e as historinhas também são recursos bem utilizados para que a aprendizagem seja prazerosa”, explica a nutricionista Larissa Ferreira Eloy.
A nutricionista comenta que a experiência com a educação nutricional mostra que a criança sente-se valorizada pelo fato de ajudar a fazer o lanche da escola, e assim estimulada a comer aquela preparação. “Há um melhor entendimento da origem dos alimentos, existe a possibilidade de trabalhar e desenvolver outras áreas como as formas, cores e números e o efeito da educação nutricional. Esse trabalho estende-se além da criança atingindo a família e a comunidade envolvida”, declara.
A atual realidade vivida pela maioria de crianças e adolescentes mostra um caminho contrário ao da busca pela saúde. Sobrepeso e obesidade crescem cada vez mais nesta parcela da população. Consumo excessivo de doces, fast-foods e snakcs (pequenos lanches, geralmente nada saudáveis, entre as refeições) são hoje rotina na vida das crianças e adolescentes modernos. Os fatores sócio-econômicos facilitam a compra de alimentos mais caros, mas, nem por isso, mais saudáveis. Já os fatores sócio-comportamentais englobam toda a atmosfera em que a criança está inserida, como a casa, a escola e toda influência que a mesma sofre neste ambiente.
Para Eloy, as principais dificuldades em realizar uma alimentação adequada para as crianças são a falta de tempo para preparar pratos balanceados e o grande acesso aos alimentos industrializados. “As famílias estão cada vez mais atarefadas, o que afeta também a alimentação, nesse ponto o planejamento é necessário para que toda a família tenha uma alimentação equilibrada. Um planejamento semanal que envolva a ida ao supermercado e a feira ajuda bastante neste sentido. Vemos também alguns comportamentos errôneos como oferecer comida e guloseimas para distrair, recompensar ou demonstrar afeto para a criança, o que acaba se tornando um hábito inadequado”, esclarece.
Como incentivar uma boa alimentação
A nutricionista Larissa Ferreira Eloy preparou algumas dicas sobre como você pode incentivar seus filhos para uma alimentação saudável:
– Organize os horários das refeições, e respeite os intervalos das refeições:
– Aprenda a entender os sinais de fome do seu filho, não force nem ofereça recompensa, a hora de refeição não deve ser motivo estresse;
– Escolha alimentos saudáveis, pois só comemos o que compramos;
– Crie o hábito de comer com a família sentada à mesa sempre que possível, o exemplo dos familiares é muito importante;
– Ofereça novos alimentos constantemente e repetidas vezes;
– Apresente alimentação colorida e com acessórios (pratos, copos, talheres, toalhinha) adaptados para as crianças, pois se torna mais atrativo;
– Converse bastante com seu filho explicando porque devemos nos alimentar, conte historinhas. Você pode também incentivá-lo com personagens infantis.
Malefícios de um hábito errado
Sobre os principais malefícios de uma alimentação errada na infância Larissa é taxativa. “Além de formar um mau hábito alimentar que será carregado por toda a vida, a alimentação inadequada acarreta em transtornos como a compulsão alimentar e doenças como a obesidade, diabetes, hipertensão, anemia por deficiência de ferro, entre outras. E essas doenças não tardam em aparecer, surgindo ainda na infância e trazendo uma série de prejuízos para a criança”, alerta a nutricionista.
Estudos recentes sobre a alimentação e o estado nutricional de crianças e adolescentes mostram que essa realidade do surgimento do sobrepeso e obesidade entre os jovens, pelo excesso de consumo de alimentos de alto valor calórico e baixo consumo de frutas, leguminosas e hortaliças é uma realidade bastante triste e preocupante para os pais. Cada vez mais cedo, os jovens vêm desenvolvendo doenças que antes eram comuns somente em adultos.