Texto por Denise de Oliveira Milbradt | Fotos Divulgação
Prurido insuportável, feridas avermelhadas pelo corpo causadas pela fricção dos dedos, que aos poucos ficam crônicas. Irritabilidade e olheiras. Estas são algumas das manifestações da dermatite atópica, também conhecida como eczema. As maiores vítimas são crianças, principalmente entre dois meses e dois anos, cujas manifestações são mais agressivas. Em casos mais extremos ficam ‘irreconhecíveis’ devido ao trauma cutâneo. Mesmo que a tendência seja melhorar com o crescimento, também encontramos em crianças maiores, adolescentes e adultos. Ainda que assustadora, a doença não é contagiosa, porém crônica.
Esse tipo de enfermidade costuma acompanhar o indivíduo durante um tempo relativo da sua vida e, em muitos casos não há cura, apenas tratamentos periódicos. Torna-se, portanto, uma agravante no bem-estar e qualidade na rotina do indivíduo. No caso da dermatite atópica, ela é resultado de uma reação hipersensível (semelhante a uma alergia) na pele, que causa inflamação prolongada e tem como característica causar erupções avermelhadas e ressecadas em diversos locais do corpo. As áreas flexurais e simétricas são as mais atingidas, como dobras do pescoço, regiões ao redor da boca e olhos, cotovelos e atrás dos joelhos.
Ainda não se conhecem as possíveis causas do eczema. Segundo a dermatologista Vivian Bisotto um dos fatores prováveis para a doença se manifestar é o componente genético, associado ao histórico familiar de asma, rinite, conjuntivite alérgica e a própria dermatite atópica. Sabe-se, também, que alguns fatores de risco funcionam como gatilho das crises. Entre eles substâncias irritantes (poeira domiciliar, conservantes, produtos de limpeza e usados na lavagem das roupas, tecidos de lã e sintéticos, frio intenso, ambientes secos, calor e transpiração, estresse emocional).
A médica explica que as crises costumam ser crônicas e recorrentes com períodos de piora e melhora. Depende do organismo do paciente e do contato com agentes desencadeantes. “Estes pacientes têm sensibilidade aumentada a infecções virais, fúngicas e bacterianas, principalmente pela intensa coceira que causam escoriações na pele e penetração com mais facilidade destes agentes”, detalha Vivian Bisotto.
Recomendações:
•Identifique os fatores de risco que ajudam a desencadear as crises para evitá-los. Essa é a melhor forma de prevenir a dermatite atópica;
•Tome banhos rápidos, não muito quentes, use pouco sabonete e aplique hidratantes para impedir o ressecamento da pele;
•Prefira as roupas de algodão às de lã ou fabricadas com tecido misto ou sintético;
•Mantenha abertas as janelas e portas para que o ar circule pelos ambientes;
•Manter alimentação saudável, frutas, verduras, evitando embutidos, enlatados ou corantes artificiais;
•Beber bastante água;
•Procure assistência médica tão logo surjam os sintomas para evitar que o quadro se agrave.
O eczema é uma doença crônica, mas é possível controlá-lo com tratamento, evitando os irritantes e mantendo-se bem hidratado. As pessoas com a doença tendem a apresentar pele seca com mais ataques no inverno, quando o ar é gelado e seco.
O tratamento da dermatite atópica começa com os cuidados com a pele. Para tanto, é importante tomar banhos rápidos, não muito quentes, com pouca aplicação de sabonete e passar hidratantes ou outros produtos à base de vaselina líquida e óleo de amêndoas. São indicados os específicos como corticódes de potência apropriada para cada idade. E antibióticos ou antifúngicos, se necessários, quando ocorrem as infecções secundárias. Existem também imunomoduladores que são medicações mais recentes e coadjuvantes no tratamento desta doença.
Como a pele do atópico é desidratada, sem gordura, os sabões devem ser usados o menos possível. Nunca friccionar com esponjas e similares.
Como o suor é um fator importante no desencadeamento do prurido, deve-se evitar o contato com tecidos de lã e fibras sintéticas. Opte pelos de algodão. Ao lavá-los evite o uso de detergentes e produtos à base de cloro.
Na coçadura são utilizadas as unhas, portanto, elas devem estar sempre curtas e limpas para evitar infecções. E, não esqueça, o quarto do paciente deve possuir poucos móveis. O colchão e o travesseiro precisam ser de espuma e revestidos de plástico, já lençóis e colchas de algodão.
No quarto da criança, não permita o uso de brinquedos de pelúcia ou outros não laváveis. Evite tapetes, cortinas e carpetes. Já a administração de alimentos é controverso na dermatite atópica. Há pesquisas que apontam melhora do quadro com dietas de eliminação, particularmente, as que excluem ovos, leite de vaca e derivados. Mas não é unanimidade entre os estudiosos da área.
Fatores que podem agravar os sintomas:
•Alergias a pólen, mofo, ácaros ou animais
•Gripe ou resfriado
•Contato com materiais ásperos
•Pele seca
•Exposição a irritantes ambientais
•Exposição a água
•Sensação de muito quente ou muito frio
•Fragrâncias ou corantes adicionados a loções ou sabonetes
•Estresse