| Carlos Panni
Médico e escritor
Nas conversas entre amigas ou amigos, as pessoas costumam desabafar contando suas agruras, muitas delas relativas aos relacionamentos conjugais e familiares.
Longos relatos do sofrimento causado pelas palavras, atitude e omissões – do outro.
Casais procuram o psicólogo, terapeuta ou psiquiatra para – o outro se tratar. Vão com a consciência tranquila de que – o outro – é o errado e culpado de tantas discussões e atritos. Referem que fizeram inúmeras tentativas para que – o outro – entendesse e aceitasse seus erros e que pudesse, então – mudar.
Pode causar estranheza as pessoas se aferrarem às suas convicções e atitudes, sem considerar que – elas – também – podem – estar equivocadas ou erradas. No entanto, não é difícil entender este processo. Desde pequenas aprenderam a diferença entre certo e errado. Inicialmente tais conceitos foram impressos em sua bagagem através do que os pais lhes ensinaram e a seguir, os valores e costumes legados pelos professores, pastores, amigos e outras vivências… E isto tudo era – o certo!
Com a convivência, em especial com aquelas com quem mantém laços mais estreitos, o seu – certo – pode se chocar com o – certo – do outro, criado e educado em condições- sempre – diferentes.
Por isso se costuma dizer que há, pelos menos, três verdades: a minha, a do outro e a verdadeira. Cada um tem a sua verdade, a sua convicção e a sua razão de assim pensar e assim proceder.
Como diz a citação da Erica Jong em “How to Save Your Own Life”, mesmo que a pessoa viva infeliz e fragmentada com tanta discórdia, sofrimento e decepções, terá muita dificuldade para entender e iniciar o longo processo de não – culpar e mudar o outro – mas mudar-se a si mesma!
É preciso convencer-se de que culpar quem quer que seja, sem considerar seus próprios conteúdos, não levará a uma solução, mas ao agravamento dos conflitos, sofrimentos e separações. Para isso é preciso humildade e colocar o amor acima de tudo!!!