A rinoplastia, cirurgia plástica de nariz, é considerada uma das mais complexas cirurgias plásticas estéticas. Contribuem para esta complexidade características peculiares da estrutura anatômica nasal. Pele, mucosa, cartilagem e osso se combinam em um conjunto cujas funções algumas vezes podem conflitar com os desejos estéticos imaginados pelos pacientes.
O nariz precisa ter sua anatomia (forma) adequada às funções respiratórias das quais ele faz parte. Pequenas mudanças feitas de forma inadequada podem promover alterações nestas funções que geram severos desconfortos.
A função respiratória depende também de estruturas internas do nariz (os chamados cornetos), cujo detalhamento minucioso foge ao objetivo deste artigo, mas que algumas vezes fazem parte de um problema cujo entendimento exige bastante atenção: a respiração bucal.
A estética nasal envolve relações métricas, emocionais e culturais. A proporcionalidade do nariz varia de etnia para etnia. Uma relação equilibrada das medidas nasais deve sempre passar pela análise do próprio paciente, que muitas vezes considera um nariz mais avantajado como parte de sua personalidade que jamais desejaria mudar. Este respeito deve sempre orientar a decisão sobre se será ou não realizada uma cirurgia e qual o plano cirúrgico, caso seja feita.
Muito importante ao se decidir sobre o plano cirúrgico é esclarecer que nem tudo o que se deseja pode ser obtido, e que nem sempre um nariz de certa pessoa é o nariz certo para todas as pessoas. Na questão estética, devemos lembrar que é fundamental mantermos o funcionamento do conjunto. Faces alargadas muitas vezes são incompatíveis com narizes muito afilados pois a quebra da harmonia facial cria um conjunto desagradável. Um nariz muito “arrebitado” pode expor os orifícios nasais de forma inestética, criando estigmas de difícil correção.
Em uma rinoplastia, o cirurgião luta contra diferenças milimétricas inexistentes em outras áreas do corpo e que no nariz fazem grande diferença. Há que se lembrar que esta luta é, por vezes, inglória, uma vez que não é possível controlar completamente os processos cicatriciais. Afinal, cada tecido possui ritmos e tipos de cicatrização peculiares a cada um.
Uma rinoplastia secundária (feita sobre um procedimento prévio) é quase sempre mais difícil que a primeira, pois as alterações cicatriciais criam mais obstáculos à resolução desejada e um nariz não pode ser indefinidamente reoperado sem consequências. Portanto, a escolha do profissional deve levar sempre em conta o critério de formação, prática e atualização do cirurgião. O bom senso deve sempre reger as condutas deste profissional, desde o momento da primeira consulta, passando pelos critérios de avaliação pré-operatória e seguimento após a cirurgia. É importante saber que a cicatrização nasal pode provocar alterações por longo tempo, e que dificilmente um resultado pode ser considerado final antes de cerca de um ano da cirurgia, conforme cada caso. Esta lentidão, quando não explicada ou entendida, gera grandes ansiedades e reintervenções precoces desnecessárias ou até mesmo danosas.
Muitas das características nasais – ou quase todas – podem ser alteradas. Mas nem todas DEVEM ou PRECISAM. Esta análise cabe ao cirurgião que, em detalhada conversa com cada paciente, saberá achar a fórmula adequada.