Prof. Saul Sastre
Diretor da Atitude3 Desenvolvimento em Gestão. Doutorando em Administração
Cuidar de uma empresa é muito semelhante com o cuidar do corpo e o administrador exerce função muito parecida com a de um médico quando cuida do seu paciente. Administrar a saúde do corpo ou de uma empresa, se resume na lógica matemática de tomar as melhores decisões para se manter saudável. A diferença é que no corpo humano, a dor se manifesta no órgão que está com “defeito” e no caso de uma empresa o órgão da dor é sempre o financeiro, quando geralmente não é ele o culpado.
Os médicos sempre nos recomendam fazer exames periódicos a cada ano, para irmos monitorando nosso estado de saúde e avaliar tendências. O resultado é comparável aos boletins escolares com as notas, que quando vermelhas, nos sugerem algum procedimento, como intensificar exercícios, talvez alguma dieta e as mais variadas ações ou remédios, dependendo do diagnóstico. Os mesmos exames sugeridos pelos médicos para as pessoas, são sugeridos pelos administradores para as empresas, os exames organizacionais são hoje conhecidos como indicadores de desempenho com suas devidas metas, que quando não atingidas, acendem um alerta na organização e providencias e “remédios” devem ser tomados, corte de custos, aumento nas vendas, inovações em processos, novos mercados e assim por diante. Para manter uma boa saúde organizacional o acompanhamento é mais intenso e menos esparso que na saúde humana, pois as mudanças de temperatura do mercado são muito maiores que as mudanças das quatro estações, principalmente em um país instável como o Brasil, onde é fácil pegar uma “gripeorganizacional”.
As coisas já não iam bem há muito tempo. O tempo das “vacas gordas” já era passado e ela (a vaca) foi perdendo peso a cada mês até ficar bem “magrinha”. A empresa que antes sustentava dois sócios com um certo glamour, agora mal conseguia pagar suas contas atrasadas.
Insistir seria o caminho? Será que a vaca engordaria novamente? A tendência era que não. O mercado havia mudado abruptamente. A fórmula vitoriosa de anos atrás, agora mostrava-se derrotada. As vendas estavam despencando e as despesas tornavam-se insuportáveis. Em breve a perda de crédito seria inevitável.
O que havia acontecido é que a “firma” estava com uma doença chamada miopia ocasionada por seus diretores, que inebriados com o bom desempenho de sempre, esqueceram-se de monitorar a saúde organizacional e principalmente de olhar para o futuro e imaginar as tendências do mercado. Os sintomas eram inchaço de pessoal, sobrepeso de custos e falta de vitamina nas vendas, que lhes impediam de inovar e crescer.
E imersos em dívidas que lhes violentavam, humilhavam e absorviam suas agendas e suas energias diariamente, foram obrigados a declarar recuperação judicial e nesta UTI, o futuro mostrava-se sombrio, o câncer havia se espalhado e metástases tomavam conta da organização.
E o ciclo se completa, o administrador precisa do médico para monitorar sua saúde, se manter saudável e as organizações precisam dos administradores para se manterem e crescerem. A lógica entre a boa saúde organizacional e a boa saúde humana está na simples equação: o que for mal administrado durante a vida, resultará em frustrações, catalizadora de doenças diversas, que terão que ser administradas nos consultórios dos médicos.