Texto por Kamyla Jardim | foto divulgação
O ano é novo e para muitas pessoas a vida também tem que ser. Desta forma que se iniciam os planos e as listas de atividades para movimentar a rotina e correr atrás dos sonhos. Isso inclui começar uma academia, ler um livro, fazer determinado exame de saúde ou ainda tentar se planejar financeiramente.
Mas quase sempre a lista de atividade para o ano vem seguida da mesma desculpa: “amanhã eu começo, amanhã eu faço”. Desta forma, passam-se dias, semanas ou até meses e as pendências só aumentam e acumulam-se. Caso você ainda não saiba, isso é conhecido como procrastinação, ou seja, o ato de deixar para depois, adiar resoluções que precisariam ser tomadas agora.
A procrastinação torna-se um verdadeiro problema na rotina das pessoas. E olha que não sai barato, pois, muitas vezes, esses hábitos são levados também para a vida profissional. E sabe o que é o pior? Tal “vício” acaba criando aborrecimentos na autoestima, pois, ao pensar no dever inconcluso, inevitavelmente o procrastinador também se depara com uma boa dose de arrependimento, resultado de sua inércia.
Mas, afinal, por que procrastinamos?
Uma pesquisa feita na Alemanha tentou responder essa questão, analisando a forma como pensamos a respeito de uma determinada tarefa e como a tendência de postergar as coisas domina, muitas vezes, o nosso pensamento.
Basicamente, o estudo descobriu que muitas vezes acabamos, sem perceber, distorcendo a percepção do tempo que precisaríamos para resolver uma questão, por isso achamos que vamos precisar sempre de menor tempo, minimizando a importância da resolução imediata.
Desta forma, o estudo fez uma experiência. Pediu aos participantes da pesquisa que se dividissem em dois grupos. O primeiro deles deveria escrever a respeito de como realizar uma determinada tarefa (como seria a forma ideal de limpar uma sala após uma festa, por exemplo), enquanto que o outro grupo foi questionado sobre quais seriam as ações imediatas (o “passo-a-passo”) da realização. E assim, os dois grupos partiram para a execução.
A conclusão foi bem interessante. Aqueles que passaram mais tempo pensando sobre o conjunto das coisas (o primeiro grupo) foi o que levou mais tempo para iniciar o trabalho, pois se detiveram muito mais no planejamento, isto é, na elaboração das medidas de ação. Entretanto, aqueles que pensaram mais no passo-a-passo (o segundo grupo), rapidamente acabaram se engajando na resolução imediata do problema.
A conclusão observada foi a de que pensar nas tarefas de uma maneira mais resoluta fez com que a procrastinação e o tempo de resposta fossem diminuídos. Além disso, as pessoas se tornaram também mais organizadas para a ação.
Vale lembrar que o procrastinador, muitas vezes, tem medo que o resultado de seu trabalho venha a sofrer uma avaliação pública. Assim, rapidamente aparecem os “bloqueios” de execução e a decisão de, por enquanto, não fazer nada. Desta forma, tais pessoas, quando questionadas, apresentaram várias desculpas à sua ineficiência – muitas vezes externas,
como a falta de tempo, carência de habilidades ou ainda pouco recurso econômico.
O problema é que, na maioria das vezes, isso se torna uma bola de neve e as pessoas, na pressão sofrida pela falta de andamento, acabam desempenhando as atividades de maneira improvisada, o que, obviamente, leva à baixa qualidade.
Lembre-se de que não há nada de errado em procrastinar uma vez ou outra, entretanto, o problema é quando isso começa a ficar crônico e passamos a adiar frequentemente coisas que não poderiam ser adiadas.
Se você tem problemas de procrastinação tente criar listas de execução, como passo-a-passo, e a atualize diariamente, sempre que um item for realizado. Usar “post it” como lembretes também é um ótimo recurso. Dessa forma, seu senso de urgência vai ficar mais apurado e você, seguramente, terá mais autocontrole a respeito de seus projetos de vida.
Como não enrolar:
1. Aprenda a dizer não
Assumir um compromisso ou uma tarefa, e deixar de cumpri-lo pode ser pior do que deixar suas limitações claras desde o início.
2. Não agende, resolva
A procrastinação se alimenta de tagarelismo mental. Quando você está enrolando, geralmente diz para si mesmo: “deveria estar trabalhando, sou um preguiçoso”. Melhor cortar esses pensamentos e iniciar a tarefa imediatamente.
3. Concentre-se
Toda vez que se desconcentrar, evite lutar contra si próprio. Se escapou da tarefa, reconheça o fato e dirija sua atenção novamente ao trabalho. No computador, desative a opção de ligar automaticamente programas como o Skype. Faça a tarefa e, quando tiver um tempo, fique uma meia hora batendo papo.
4. Veja o lado bom
Mesmo tarefas chatas têm seu lado divertido – lavar a louça, por exemplo, envolve brincar com a água. Concentre-se no que a tarefa tem de legal, que, assim, fica mais fácil encará-la.
5. Não tenha medo de errar
Muitos procrastinam porque exigem tanto de si próprios numa tarefa que acabam com medo de enfrentá-la. O melhor é ter consciência de suas limitações e habilidades para o trabalho.