Texto por Kamyla Jardim | Fotos divulgação
Grande parte do mundo está vivendo uma espécie de transição demográfica, uma modificação no perfil da população devido à redução das taxas de crescimento populacional e aumento no número de idosos. De acordo com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a população brasileira cresceu 0,9 % em relação a 2012, totalizando 201.032.714 de habitantes. Destes, 43,6 milhões estão no Estado de São Paulo, o mais populoso, seguido de Minas Gerais (20 milhões) e do Rio de Janeiro (16 milhões).
Apesar do aumento, as estimativas apontam que o crescimento populacional no país deve entrar em ritmo de desaceleração depois de 2042, quando devemos chegar à marca de 228,4 milhões de pessoas. Depois de atingir o pico populacional, a quantidade de brasileiros começará a cair e as famílias pequenas serão a maioria, resultando num cenário onde as mulheres têm menos filhos e a população idosa caminha para a dominância.
Essa queda está relacionada à redução da taxa de fecundidade das brasileiras. As mulheres estão engravidando cada vez mais tarde e optam por ter poucos filhos. Isso se deve, em parte, à adoção de métodos anticoncepcionais mais eficientes, à entrada da mulher no mercado de trabalho e também ao receio de como estará o mundo no futuro dos filhos. Em 2000, a média era de 2,39 filhos por mulher. No Censo 2010, foi de 1,91 filhos. Em 2013, a estimativa baixou para 1,77 filhos, média que cairá para 1,5 em 2030. Nesse cenário, o Brasil já tem um número menor de nascimentos do que o necessário para repor a população. A lógica é que um casal tenha, ao menos, duas crianças para “substituí-los” no futuro.
O IBGE estima que em menos de 50 anos, um em cada quatro brasileiros será idoso. A expectativa de vida também deve aumentar: hoje é de 74,8 anos e, em 2060, deve chegar a 81,2 anos. E qual seria a consequência para o Brasil de uma população mais velha? O país terá que lidar com a queda do crescimento populacional. Nesse caso, ocorre perda de poder econômico, menos pessoas estarão em idade para trabalhar, para pagar impostos e contribuir para a previdência dos mais velhos.
Preocupados com índices semelhantes ao do Brasil que atingem grande parte dos países e compactuando com o receio dos pais sobre o mundo que restará para as próximas gerações, a Unilever (multinacional anglo-holandesa líder em vendas de bens de consumo em vários países do mundo) criou a “Unilever Project Sunlight”. Trata-se de uma iniciativa que nasce com o objetivo de motivar milhões de pessoas a adotar estilos de vida mais sustentáveis e que essas pessoas tenham filhos e repassem ensinamentos sustentáveis a eles, desenvolvendo uma população consciente de suas ações, preocupada com o mundo e motivada a melhorá-lo.
Foi lançado um filme emocionante para a divulgação desta iniciativa que tem aproximadamente quatro minutos e conta com testemunhos de futuros pais de diferentes culturas, nacionalidades e situações sócio econômicas. A todos é feita a mesma pergunta: “Por que trazer um filho ao mundo?”
Ao iniciar o vídeo, uma melodia calma de piano já envolve as cenas de guerra e pobreza do mundo. Os futuros pais afirmam “Temos medo. Medo de ver o presente que vivemos e medo do que virá no futuro”; “Agora você tem a vida de outra pessoa para proteger”. Em seguida, o locutor inicia: “Ter um filho. Um dos momentos mais incertos da vida. Pais de todo o mundo compartilham suas preocupações e dúvidas. Esse filme pré-natal foi mostrado para os futuros pais, porque uma questão precisava ser respondida: Por que trazer um filho a este mundo? Talvez existam algumas coisas que vocês deveriam saber sobre o mundo que seus filhos vão viver, algo real, algo que está acontecendo agora… todo dia mais e mais alimentos são cultivados com a tecnologia revolucionária: carinho. E novas tecnologias vão disponibilizar água limpa e potável para centenas de milhões de pessoas. Essa provavelmente vai ser a guerra da água que se fala tanto. E doenças que hoje afetam milhões de crianças serão prevenidas com simples produtos do dia-a-dia. Seus filhos terão a possibilidade de ter um coração mais saudável do que qualquer pessoa hoje e a mesma chance de ter um coração partido, disso ninguém escapa! E quando finalmente conhecerem a pessoa certa, nossas crianças terão a chance muito maior do que a nossa de conhecerem seus bisnetos. Pode respirar com calma. Traga uma criança ao mundo. Nunca houve um momento tão bom para criar um futuro melhor para todos que vivem neste planeta e para aqueles que ainda estão por vir”.
O filme da Unilever finaliza com outro depoimento dos futuros pais que assistiram ao vídeo: “O mundo precisa de mais pessoas fazendo o bem e eu gosto de pensar que nosso filho vai crescer e se tornar uma dessas pessoas”.
O Project Sunlight possui diversas possibilidades para desenvolver um mundo melhor, como por exemplo: o incentivo da lavagem adequada das mãos com produtos corretos; a atividade que irá proporcionar que todas as crianças tenham acesso a um banheiro sem germes e a água tratada; a iniciativa que incentiva o rumo certo para os resíduos; entre outros. No site oficial (www.projectsunlight.com.br), os interessados encontram como participar e tornar o mundo um lugar melhor para viver.
A guerra da água
Apesar da quantidade de água disponível ser constante, a demanda crescente em razão do aumento da população e da produção agrícola cria um cenário de incertezas e conflito, segundo os especialistas. A água é o recurso natural mais abundante. De maneira quase onipresente, ela está no dia a dia dos 7 bilhões de pessoas que habitam o planeta. Mas o recurso mais fundamental para a sobrevivência dos seres humanos enfrenta uma crise de abastecimento. Estima-se que cerca de 40% da população global viva hoje à mercê da situação de estresse hídrico.
Em muitos países, a situação é mais dramática. Falta acesso a água potável e saneamento para a esmagadora maioria dos cidadãos. Só o tempo perdido por uma pessoa para conseguir água de mínima qualidade pode chegar a 2 horas por dia em várias partes da África. Pela maior suscetibilidade a doenças, como a diarreia, quem vive nessas condições costuma ser menos produtivo. Essas mazelas já são assustadoras do ponto de vista social, mas elas têm implicações igualmente graves para a economia. Um estudo desenvolvido na escola de negócios Cass Business School, ligada à City University, de Londres, indica que um aumento de 10% no número de pessoas com acesso a água potável nos países do Bric (Brasil, Rússia, Índia e China) conseguiria elevar o crescimento do PIB per capita do bloco cerca de 1,6% ao ano.
De acordo com a OMS, sete pessoas morrem por minuto no mundo por ingerir água insalubre e mais de 1 bilhão de pessoas ainda defecam ao ar livre. Houve, no entanto alguns progressos: o objetivo de que 88% da população mundial tenha acesso à água potável em 2015, segundo a chamada meta do milênio, já foi alcançado e mesmo superado em 2010, atingindo 89% dos habitantes do planeta.
O que está e será feito para reverter a escassez?
Dessalinização: A dessalinização das águas do mar e de aquíferos subterrâneos com salinidade elevada será a solução para vários países que tenham o capital, a tecnologia e o acesso à água salgada. Infelizmente a água potável gerada por estas usinas ainda será um produto caro e, naturalmente inacessível a muitos.
Tratamento de águas servidas: No processo de gerenciamento de águas este é um ponto fundamental. Os países mais desenvolvidos estão investindo pesado nesse campo. No Brasil, cidades como Brasília, estão se destacando no tratamento e reaproveitamento dessas águas.
Captação das águas da chuva: Em países com estações chuvosas é possível maximizar os reservatórios e estoques de água pelo uso inteligente da água de precipitação.
O mundo caminha para o resultado de ações inconsequentes realizadas por décadas, sem cuidados ou preocupações sustentáveis, mas nada impende que o trajeto seja modificado com medidas compensatórias, unindo-se a uma conscientização social que reverteria graves problemas que estão por vir.