| Carlos Panni
Médico e escritor
Diz Fernando Pessoa: “Pois, o que é tudo senão o que pensamos de tudo?”
Verdade!
Tudo depende do pensamento. O pensamento gera uma emoção, que determina uma escolha e que, enfim, é responsável pelas atitudes que tomamos.
Esta é uma sequencia lógica: pensamos o tempo todo sobre tudo. Desde o acordar, até o último momento antes de adormecer, estamos pensando. Alguns, ou muitos, até têm insônia pelo muito que pensam e repensam. Pensamos no que vestir, no que comer, aonde ir, no que dizer, no que assistir, no que construir… O pensamento tem um poder extraordinário… tudo o que fazemos passa, primeiro, por ele.
Passa por ele, mas não inicia por ele.
Há uma força maior que está na gênese do pensamento.
É ela que, enfim, determina o “porque pensamos o que pensamos”.
Esta força é o somatório de todas as nossas crenças.
Comparando a um “iceberg”, os pensamentos se situam na parte menor, na superfície – no consciente, enquanto que as crenças estão, o mais das vezes, na parte maior, submersa – no inconsciente.
Pode parecer que temos total controle sobre os pensamentos, emoções, escolhas e atitudes, mas se nos perguntarmos sobre o por quê de cada um deles, a resposta pode não ser tão fácil. Todos eles dependem de crenças subjacentes, muitas das quais adquiridas na mais tenra idade e pelas múltiplas e “esquecidas” influências que sofremos ao longo dos contínuos aprendizados. Recebemos, em suma, as influências de alguns sábios e de (muitos) trogloditas… e temos um pouco de cada um…
Estas crenças consolidadas, peculiares a cada indivíduo e diferentes em quantidade e qualidade, nos tornam únicos, com vícios e virtudes, capacidades e potencialidades, estímulos e inibições… Cada um com as suas…
Se quisermos entender porque pensamos o que pensamos, sentimos o que sentimos e agimos como agimos, precisamos ir às suas origens, questionar, esclarecer, buscar as fontes mais longínquas e, o mais das vezes, obscuras… Se, de alguma forma, não o fizermos, se não conseguirmos reavaliar e reinterpretar o passado e deletar o que for danoso, não conseguiremos reprogramar o hoje e o amanhã. Não será possível pensar, sentir e fazer diferente. Em outras palavras: – nada irá mudar.
O pensador diz: “Se queres resultados diferentes, precisas ter atitudes diferentes”.
Ok! Mas isso não é tudo.
Ninguém conseguirá mudar as atitudes sem mudar os pensamentos e, para mudá-los precisa ir à fonte – e mudar as crenças.