Texto por Rita Trindade
A escola é um meio importantíssimo que contribui para a formação da criança, e por isso ela tem o primordial papel de conscientizar os pequenos para uma alimentação mais saudável. Comida e nutrientes são as matérias-primas que nos permitem formar os dentes, ossos, músculos e tecidos e mantê-los saudáveis. Uma boa dieta alimentar protegerá a criança de várias doenças.
As crianças devem ser estimuladas desde cedo a desenvolverem hábitos alimentares corretos, evitando, por exemplo, uma alimentação rica em alimentos industrializados. Eles contém grande quantidade de açúcar, sódio, gorduras trans e gorduras saturadas. Uma dieta contendo esses alimentos acaba comprometendo a saúde da criança, seja no crescimento ou desenvolvimento, como o aparecimento de doenças na fase adulta como hipertensão arterial, diabetes mellitus, doenças cardiovasculares, entre outras.
Uma prática que dá certo
A tentativa de transformar a temática da nutrição na educação infantil em um case de sucesso, sempre foi o desejo do Centro Educacional Mamãe Coruja. Com ações simples, mas articuladas e adesão de todos os públicos envolvidos, a escolinha transformou a realidade de dificuldades em prazer e tranquilidade. “Na essência da Mamãe Coruja sempre houve esta preocupação expressa pela proposta de nunca oferecer alimentos enlatados, embutidos, refrigerantes e derivados de suínos”, declara Flávia Francisco Cardoso, diretora da Mamãe Coruja.
Flávia conta ainda que aos poucos e com recursos simples a história da escola mudou. “Preservamos nossa essência, atualmente nosso sucesso é comprovado quando à mesa as crianças esperam ansiosas para saber qual será a salada servida e como ela se apresentará. Pode ser em forma de carrinho, coração, animais ou qualquer figura que represente o imaginário das crianças”, explica.
Mas antes dos alimentos chegarem à mesa, as crianças participam ativamente na construção e manutenção da horta. São estimuladas a acompanhar o desenvolvimento das plantinhas, sua colheita, seu preparo e finalmente, a ingestão destas saladas e verduras. “Nossa horta surgiu do Projeto Corujinhas do Meio Ambiente, no qual estimulamos as crianças a se aproximar e preservar o meio ambiente, ou seja, fazer uso adequado dos recursos naturais”, comenta Flávia.
Esse assunto foi tão levado a sério que a Mamãe Coruja reservou um espaço na brinquedoteca onde uma mini-cozinha de brinquedo foi projetada para possibilitar conversas, manuseio e brincadeiras sobre a alimentação. Alimentos reais e de brinquedo, como legumes, frutas e enlatados são utilizados no projeto.
Para Thaíse Gomes, nutricionista da escola Mamãe Coruja, o importante é ter criatividade. “Nas escolas infantis é possível que a criança descubra novos alimentos, como também estratégias alimentares que possam substituir os alimentos na sua forma tradicional. Um exemplo é preparar uma carne de hambúrguer com legumes, o qual pode ser elaborado em uma atividade dinâmica com as crianças. O diferencial do hambúrguer neste caso, é a quantidade de nutrientes presentes. Ele acaba sendo mais nutritivo pelo acréscimo dos vegetais”, esclarece.
A nutricionista conta que o incentivo à alimentação saudável pelos manipuladores de alimentos, responsáveis pela elaboração das refeições das crianças nas escolas, é muito importante. “Na Mamãe Coruja, a cozinheira Nair de Oliveira, também incentiva diariamente o consumo de hortaliças e vegetais, elaborando pratos atrativos de saladas. Ela monta pratos coloridos e utiliza sua criatividade na hora de servir as refeições. Combina saladas com formas e desenhos que despertam a vontade das crianças consumirem os alimentos”, revela.
Confira as 10 dicas da Nutricionista Thaíse Gomes que também podem ser desenvolvidas pelos pais:
1. Oferecer alimentação variada e composta de alimentos frescos e coloridos.
2. As refeições devem ser servidas em horários fixos diariamente, com intervalos suficientes para que a criança sinta vontade de comer a próxima refeição.
3. Incentivar o consumo de frutas, verdura e legumes.
4. Variar as preparações com alimentos coloridos, texturas diferentes e formas atrativas.
5. Oferecer sobremesa como mais uma preparação da refeição, evitando utilizá-la como recompensa ao consumo dos demais alimentos, e sempre dar preferência para as frutas.
6. Ensinar a criança a comer devagar, mastigando bem os alimentos. Assim a criança aprecia mais a refeição.
7. Não devem ser oferecidos lanches após as refeições só por que a criança não almoçou ou jantou direito. Nem mesmo forçar a criança a comer com chantagens, recompensas, punições ou castigos. Isso pode reforçar a recusa pelos alimentos.
DICA: Se a criança se recusar a comer naquele momento, guarde o prato dela na geladeira e informe-a que assim que a fome voltar ela irá comer o alimento que foi preparado anteriormente.
8. É importante que seja estimulado o consumo de água durante o dia, de preferência nos intervalos das refeições.
9. Proporcionar ambiente calmo e tranquilo na hora das refeições, sem televisão ligada ou qualquer outra distração, como brincadeiras e jogos.
10. Limitar o consumo de alimentos com excesso de gordura, sal e açúcar (doces, salgadinhos, bolos recheados, enlatados, conservas, refrigerantes, carnes gordas, defumados e etc).