Texto por Kamyla Jardim | Foto: Nataly Motta
Milhares de pessoas nascem com um diferencial, com um dom que irá marcar o seu estilo de viver. Pode ser um dom no canto, nas notas musicais, na escrita, no desenho… Essas pessoas nascem com facilidades para determinadas atividades e normalmente as realizam de maneira encantadora. Entretanto, de acordo com o cineasta polonês Krzysztof Kieslowski, para ter realização pessoal é preciso entender a trinca “dom-talento-vocação”. Ele diz que o dom é branco, o talento é vermelho e a vocação é azul, porque essa trilogia de cores formaria o pequeno arco-íris de nosso destino.
Dom vem do latim donu, presente, dádiva. Já talento é outra coisa, parecida na essência, mas diferente na origem. O talento pode ser desenvolvido com treino, disciplina e obstinação. Há quem tenha dom, mas não talento. Vale lembrar que não adianta a inspiração sem a transpiração, que significa a disciplina para desenvolver o potencial. E, quanto à vocação, esse substantivo feminino também tem origem latina e significa o ato de chamar. Quem segue sua vocação obedece a um chamado. Esse chamado pode ser ouvido como o prazer e a felicidade em realizar determinadas tarefas. Quando fazemos algo que nos dá prazer, e com relativa facilidade, estamos atendendo à nossa vocação.
Mas qual é a minha vocação? Este era um questionamento constante na vida de Victória Cândido. A menina tem apenas 15 anos, mas já percebe a pré-formação profissional que ocorre na adolescência. A escolha da carreira acontece cada vez mais cedo e os jovens estão cientes da forte competição no mercado e da necessidade de um diferencial para se destacarem. Victória queria um talento para chamar de seu. Queria uma atividade que ocupasse as tardes livres e que principalmente lhe desse paixão e sede de conhecimento. Quem conhece Victoria se surpreende que ela tenha demorado 15 anos para perceber a sua vocação. Vocação esta que grita até nos detalhes e trejeitos da menina.
A franja, que foge do padrão tradicional, perfeitamente em sintonia com um look romântico e moderno, já declara que o diferencial de Victória é a moda. Com rosto de boneca, ela traz uma delicadeza no sorriso que não se apaga, nem por um segundo, quando as palavras saem da boca e exibem uma menina-mulher cheia de personalidade e amadurecimento.
Sônia, mãe de Victória, sempre trabalhou com confecção de roupas e revela que desde pequena a filha gostava de estar no meio dos tecidos. “Com apenas três aninhos, ela já dizia qual tecido deveria ser utilizado para fazer uma blusa ou qual serviria para uma calça. Isso era muito surpreendente porque não é tão simples quanto parece e desde pequena ela sabia diferenciar cada tecido”, relembra Sônia.
Movida pela vontade de encontrar uma atividade que desempenhasse com muito talento, Victória realizou um curso básico de modelagem e costura e se surpreendeu muito. “Acho que para realizar estes cursos é preciso ter um pouco de dom ou conhecimento vindo de berço, sabe?! Eu, definitivamente, me encontrei”, afirma a adolescente.
Victória revela que ainda não se sente segura em costurar modelos de roupas para vender, em compensação tem se divertido criando diversos looks novos e únicos para o seu guarda-roupa. Inclusive no seu book de 15 anos, ela destaca que a melhor parte foi desenhar e costurar as roupas que usaria nas fotos. “Eu já estou decidida, encontrei a minha paixão, irei trabalhar com moda no futuro. Eu sei que é complicado, mas eu não quero pensar em uma carreira que só me dê dinheiro, mas sim no que eu gosto de fazer e sei que se eu amar o que eu faço me dedicarei cada vez mais”, conclui determinada.
Mas como fazer para encontrar a sua paixão?
1. Ame tudo o que você faz: Ao assumirmos o compromisso de amar tudo o que fazemos, fortalecemos os músculos da “paixão” e entramos em um mundo novo. Não podemos ignorar que os seres humanos são definidos pelos hábitos. E, convenhamos, passamos praticamente 80% do nosso tempo acordado trabalhando. Como esperar que alguém que passe 80% do seu tempo reclamando ou aborrecido vá agir de forma entusiasmada e apaixonada nos outros 20%? Detalhe: nem sempre podemos mudar o que estamos fazendo em um determinado momento. No entanto, sempre podemos mudar a forma como estamos fazendo.
2. Preste atenção nos livros, revistas, filmes e passatempos de que você gosta. Eles têm algo em comum? Quais são os assuntos que estão sempre à sua volta? Onde você concentra o seu tempo, dinheiro e energia?. Com o que você se empolga? Lembre-se de que as paixões são muitas vezes irracionais e brigam com a lógica e a razão. É fundamental prestar atenção no coração para melhor entender a paixão.
3. Sobre o que você gosta de falar, de aprender ou de ensinar? Essa é uma pergunta realmente útil e você não deve se censurar ao respondê-la. Com tanta gente vivendo no mundo, é muito provável que exista mercado para as coisas que lhe interessam. Caso tenha dificuldade para chegar a uma conclusão, pergunte a familiares e amigos sinceros qual é o assunto que eles estão cansados de ouvir você falar. Essa será uma ótima dica. Além disso, não subestime o poder de incorporar a paixão no seu negócio ou carreira atual. Pode ser que você não precise mudar radicalmente o que está fazendo, mas sim injetar mais do que você ama na sua vida.
4. Pare de falar e comece a agir: Pois é, não adianta só falar, temos de agir e viver com paixão. Isso significa fazer coisas de que gostamos, como ler, escrever, fotografar ou fazer cursos. Não tem desculpa: ler, escrever e às vezes até se inscrever em cursos online gratuitos só requer tempo, esforço e foco. Porém, a satisfação de fazer algo que amamos não tem preço. Ao agirmos de acordo com a nossa paixão, geramos energia, motivação e o compromisso necessário para criar e atingir o sucesso e a realização que desejamos, e é incrível como arrumamos tempo para isso. Não esqueça, a vida é muito mais linda e fácil quando a vivemos com paixão!